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História – Império: a escravidão continua

Esta proposta de atividade de História é destinada aos estudantes do 5º Período da Educação de Jovens e Adultos-EJA


Navio negreiro, Rugendas. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Navio_negreiro_-_Rugendas_1830.jpg> acesso em 20, out. 2023.

IMPÉRIO: A ESCRAVIDÃO CONTINUA

O movimento que resultou na independência do Brasil não tocou no tema da escravidão. A sua continuidade era unanimidade entre os grupos políticos que disputavam os rumos do novo país. No máximo falava-se da emancipação gradual dos negros como é o caso dos liberais exaltados e do grupo que defendia as ideias de José Bonifácio.

Para as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, esta manutenção da escravidão foi a principal contradição do império brasileiro que sustentava o discurso de ser uma monarquia civilizada.

A escravidão estava enraizada em todo o território brasileiro. Era uma espécie de violência legal e moral institucionalizada, um sistema não só oficial como naturalizado.

O medo das elites

Em 1808, 31,1% da população da América portuguesa era de pessoas escravizadas. Em Salvador, em 1807, negros e mestiços, escravos e libertos, chegavam a 80% dos habitantes; em 1835, eram 72%. No Rio de Janeiro, pessoas escravizadas eram 45,6% da população.

Essa grande proporção da população negra fez a Revolução haitiana tornar-se um fantasma ameaçador a rondar a imaginação das elites escravocratas brasileiras. O fato foi amplamente divulgado e comentado entre as elites.

A pérola das Antilhas, o mais rico domínio francês era também conhecida pela desigualdade populacional. Em 1754 havia 465 mil africanos escravizados e 5 mil brancos. No Brasil, a proporção era de 6 escravos para um senhor.

O movimento no Haiti repercutiu no Brasil e foi pretexto para a instauração de várias medidas restritivas, entre elas a adoção de um modelo centralizador de poder após a independência.

“Para inglês ver”

Assim que o processo de independência foi concluído a Inglaterra começou a pressionar o Brasil pelo fim do tráfico e da escravidão. O Brasil, assim como Portugal, procurou contemporizar o quanto pode a pressão inglesa.

A importância da escravidão ultrapassava a constituição econômica da nova nação. A dinâmica social brasileira estava vinculada à manutenção da hierarquia social através da importação contínua de africanos. Verdadeiras fortunas foram acumuladas pelo comércio interno e transatlântico. O abastecimento do mercado brasileiro era separado do que ocorria no Atlântico Norte e dominado por comerciantes brasileiros e portugueses. Era um dos lados mais lucrativos do comércio colonial. Os negociantes de escravizados eram a elite do comércio colonial.

Âncora de um sistema social e político

Entre os séculos XVI e XIX, o Brasil recebeu cerca de 4 milhões de cativos. 80% vieram entre os séculos XVIII e XIX. O tráfico estava enraizado na realidade brasileira consolidando hierarquias internas, fortunas e sistemas de poder.

A Constituição preparada pela Assembleia de 1823 trazia a orientação de José Bonifácio contrária ao tráfico e à escravidão a médio prazo. Mas o artigo que previa a emancipação lenta dos negros desapareceu da Constituição promulgada em 1824.

Os fundadores do império mantinham o discurso de abolição gradual ao mesmo tempo em que aparelhavam o Estado para defender a ordem escravista. A perspectiva da abolição foi jogada para um futuro longo e indeterminado.

RESPONDA AS QUESTÕES

QUESTÃO 1

Em 1804, foi declarada a independência do Haiti. Esse fato foi resultado da luta de um movimento liderado por escravizados e libertos que buscavam também o fim da escravidão. Esse acontecimento teve grande repercussão entre as elites brasileiras. A alternativa que aponta um resultado concreto no Brasil dos debates em torno da independência do Haiti é:

(A) A grande proporção de negros na população.

(B) A adoção de um modelo centralizador de poder.

(C) O fantasma que rondava entre as elites brasileiras.

(D) A grande divulgação e comentários entre as elites.

QUESTÃO 2

Do ponto de vista econômico, na época do início do Império, o comércio de escravizados era:

(A) Um negócio pouco lucrativo em crescimento.

(B) Um negócio sem nenhuma importância.

(C) Um negócio lucrativo mas que era proibido.

(D) Um dos principais negócios no Brasil.

QUESTÃO 3

Como o governo brasileiro lidou com a pressão dos ingleses pelo fim do tráfico de escravizados e da escravidão?

QUESTÃO 4

A instauração do império representa uma grande mudança política. O Brasil deixava de ser uma colônia de Portugal e tornava-se um país com um governo próprio. Entretanto, sobre a escravidão não houve debates. Ela simplesmente continuou como era antes. Após a leitura do texto, a que você atribui isso?


Autoria:Anísio José Pereira Filho
Formação:História
Componente Curricular:História
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento:(EJAHI0545) Analisar as relações de trabalho, cultura e poder no Brasil durante o Primeiro Reinado em âmbito regional e nacional.
Referencial teórico:SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. Companhia das Letras. Edição do Kindle.