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História – Contracultura

Esta proposta de atividade de História é destinada aos estudantes do 6º Período da Educação de Jovens e Adultos-EJA


Caetano Veloso no III Festival da Música Popular da TV Record, 1967. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Caetano_Veloso_no_III_Festival_da_M%C3%BAsica_Popular.tif> acesso em 06, out. 2023.

CONTRACULTURA

Veja esta situação

Em reportagem do jornal Folha de São Paulo, o cantor Ney Matogrosso disse não saber qual letra ele é na sigla LGBTQIA+. Segundo ele, na década de 1970, as pessoas se permitiam experimentar as coisas mesmo que não fossem.

Na segunda metade da década de 1960, uma onda de revoltas iniciou nos Estados Unidos e expandiu-se para os países ocidentais, para os comunistas, alcançou a América Latina e chegou ao Oriente Médio.

Tais revoltas foram marcadas pelo protagonismo dos jovens. A sua pauta de reivindicações caracterizava-se pela busca da liberdade em várias frentes: liberdade de expressão, igualdade de gênero e raça, pacifismo, liberação sexual, ecologia e antiautoritarismos.

Em maio de 1968 esse processo atingiu sua culminância na França, numa revolta estudantil que começou no subúrbio de Paris, envolveu outros setores da sociedade e desembocou em greves sem precedentes que pararam o país.

Estes movimentos defraudaram a bandeira da contracultura, um movimento cultural que além destas reivindicações incluía a experimentação de substâncias lisérgicas e drogas leves, práticas esotéricas do oriente, novas bandas de rock e folk, formação de comunidades alternativas longe dos centros urbanos, com vida livre, comunitária e integrada à natureza – o movimento hippie, por exemplo.

No Brasil, o período é marcado pelo estabelecimento da ditadura civil-militar, em 1964. A principal pauta de luta é contra tal regime.

Contracultura no Brasil

Expressão das ideias de contracultura, o tropicalismo foi criado por um grupo de cineastas, jornalistas, músicos e intelectuais. Sua duração foi curta. Podemos estabelecer como marcos temporais de setembro de 1967 a dezembro de 1968. Mas suas repercussões na arte, na moda e no comportamento chegam aos dias de hoje.

Os tropicalistas ganharam visibilidade com o III Festival de Música da TV Record em 1967, o lançamento do álbum Tropicália ou Panis et Circensis em 1968 e o programa Divino, Maravilhoso na TV Tupi em 1969.

O movimento caracterizou-se pelo experimentalismo, a pesquisa contínua, a concepção de arte em processo constante de invenção. Desenvolveu novas concepções na música, inseriu a guitarra elétrica na música popular brasileira e investiu numa caracterização visual hippie. Valorizava os processos intuitivos, sensórios e imaginativos.

O tropicalismo rompeu com o discurso explicitamente político para ver o Brasil pela ótica cultural. Era uma posição artística e musical, uma tática cultural e proposta ideológica.

Os tropicalistas ancoravam-se numa teia diversificada de referências culturais absorvidas de forma intuitiva. Inspirados em Oswald de Andrade, praticavam a antropofagia cultural que consistia no processo de “deglutição” de influências antagônicas: o nacional e o internacional, o rural e o urbano, o industrial e o artesanal, o racional e o irracional, etc.; para que assim pudessem construir novas formas culturais além de respostas críticas ao que já estava instituído sobre diversas questões.

Os setores conservadores viam como um perigo por suas ideias libertárias, uma afronta à cultura nacional. Tanto a direita militar quanto a esquerda ortodoxa consideravam o tropicalismo imaturo, subjetivo e individualista.

RESPONDA AS QUESTÕES

QUESTÃO 1

A antropofagia cultural praticada pelo tropicalismo significa:

(A) Experimentalismo, pesquisa contínua, arte em processo constante de invenção.

(B) Rompimento com o discurso político e adoção de uma ótica cultural.

(C) Deglutição de referências antagônicas para construir novas formas culturais.

(D) Manutenção da execução musical da mesma forma como sempre foi.

QUESTÃO 2

O motivo pelo qual o tropicalismo era visto como um perigo pelos grupos conservadores era:

(A) O disco Tropicália.

(B) O uso da guitarra elétrica.

(C) Seu tipo de música.

(D) Suas ideias libertárias.

QUESTÃO 3

Destaque do texto trechos que mostram por que o tropicalismo é um movimento de contracultura.

QUESTÃO 4

Que relações podemos estabelecer entre o que disse o cantor Ney Matogrosso e a contracultura?


Autoria:Anísio José Pereira Filho
Formação:História
Componente Curricular:História
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento:(EJAHI0643) Analisar os movimentos de contracultura no Brasil na década de 1960 e os movimentos de resistência cultural no Brasil no mesmo período.
Referencial teórico:BARROS, Patrícia Marcondes de. Tropicália: contracultura, moda e comportamento em fins da década de 60. dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, [S. l.], v. 9, n. 20, p. 160–177, 2016. DOI: 10.26563/dobras.v9i20.482. Disponível em: https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/482. Acesso em: 5 out. 2023.
ILARI, Mayumi Denise Senoi. Dez obras para se pensar a contracultura dos anos 1960. Guia bibliográfico da FFLCH. Tradução . São Paulo: FFLCH/USP, 2016. Acesso em: 05 out. 2023.
ZEITEL, Gustavo. Ney Matogrosso diz que ser só uma letra de LGBTQIA+ é como viver numa prisão. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2023/08/ney-matogrosso-diz-que-ser-so-uma-letra-de-lgbtqia-e-como-viver-numa-prisao.shtml#:~:> Publicado em 24, ago. 2023. Acesso em 04, out. 2023.