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Ciências da Natureza – Astronomia e vida humana

Esta proposta de atividade de CIÊNCIAS DA NATUREZA é destinada aos estudantes do 6º período da Educação de Jovens e Adultos – EJA


Imagem 1. KJPARGETER. Constelação. Freepik. Disponível em <https://br.freepik.com/fotos-gratis/ceu-estrelado_7061153.htm#query=constela%C3%A7%C3%A3o&position=8&from_view=search&track=sph>. Acesso em 30/06/2023.

ASTRONOMIA E VIDA HUMANA

A observação dos astros acompanha a humanidade desde tempos remotos. Pinturas rupestres, análise do comportamento animal visando à caça, monumentos imponentes e até explicações sobre a origem do Universo: todos esses aspectos testemunham a importância da astronomia. Em civilizações antigas, como os egípcios, babilônios e maias, esse comportamento já era manifestado. Ao longo da história, essas observações permitiram a confecção de calendários precisos, fundamentais para demarcar estações, eventos agrícolas e rituais religiosos. As antigas civilizações apresentavam mitos e narrativas fundadas nas posições dos corpos celestes.

No Brasil, as distintas etnias indígenas apresentaram, e apresentam, um conhecimento profundo da astronomia. Tais saberes, transmitidos oralmente por gerações, não apenas atestam a sofisticação dessas culturas, mas também destacam a relevância da astronomia como parte da vivência humana.

Voltando ao passado, no Renascimento, a observação telescópica de Galileu Galilei revolucionou nossa percepção do Sistema Solar, abrindo as portas para as leis da física formuladas por Isaac Newton. Essas contribuições possibilitaram em grande parte a compreensão atual da astronomia como uma área da ciência que explora a origem do Universo e o seu funcionamento por meio de métodos científicos, tais como observações minuciosas, análises matemáticas e modelagem computacional.

Desde o modelo geocêntrico de Ptolomeu até a revolução provocada pela teoria heliocêntrica de Copérnico, Kepler e Galileu, assim como a teoria da relatividade, de Albert Einstein, a astronomia sempre buscou responder aos questionamentos humanos acerca de nossa posição no cosmos. 

Dessa maneira, a astronomia vai além da mera observação dos astros, apresentando novos conhecimentos desde o seu surgimento. Enquanto a astronomia é uma ciência que busca compreender os astros, suas origens e seu comportamento através de métodos rigorosos, a astrologia é uma crença que alega que as posições dos corpos celestes influenciam a personalidade e o destino das pessoas. Como esta não segue os princípios da metodologia científica, é considerada uma  pseudociência.

QUESTÃO 1

Leia os dois textos a seguir, sobre astronomia e constelações.

Texto 1:

Olhar para o céu, nos dias atuais, parece não ser uma prática tão comum como foi em outras épocas de nossa civilização. A partir das observações do céu que o ser humano encontrou as primeiras formas de registrar a passagem do tempo, e soube determinar, por exemplo, quando certa época do ano se aproximava ou estava terminando. Isso lhe facilitava prever períodos de cheia dos rios, do plantio e da colheita, por exemplo. No período das grandes navegações, o céu era também um dos recursos que auxiliava os navegantes a se guiarem pelos mares. A partir dele se obtinham informações com base em desenhos imaginários que o homem inventara, como é o caso daqueles que representam as constelações. Tal prática ganhou força à medida que a observação atenta levou o ser humano a concluir que as estrelas não mudam suas posições relativas, formando configurações inalteráveis no decorrer do tempo. Desde os Persas e Babilônios (3.000 a.C.) que se tem registro de mapas celestes de constelações ainda visíveis nos dias atuais, o que revela que muito pouco ou quase nada se alterou na configuração das estrelas de lá para cá.

LONGHINI, Marcos Daniel. Será o Cruzeiro do SUl uma Cruz? Um Novo Olhar sobre as Constelações e seu Significado. Network for Astronomy School Education. Disponível em http://sac.csic.es/astrosecundaria/complementario/pt/actividades/constelaciones/cruzeiro.pdf. Acesso em 30/06/2023.

Texto 2:

Esta é a Constelação da Ema. Quando ela surge totalmente no céu, anuncia a chegada do solstício de inverno. Esse evento marca o meio do Tempo Velho para os índios Guarani.

Para encontrar algumas estrelas que compõem essa constelação, basta olhar para a direção Sudeste a partir das 19h. Fazem parte da constelação da Ema alguns astros que integram as constelações ocidentais do Cruzeiro do Sul e do Escorpião.

ESPAÇO CIÊNCIA. O Céu dos Indígenas. Espaço Ciência – PE. Disponível em http://ec.pe.gov.br/?p=16103. Acesso em 30/06/2023.

Sobre o tema abordado nos textos, marque analise as alternativas a seguir:

I. Constelação é um conjunto de estrelas muito próximas entre si.
II. Ligadas por linhas imaginárias, constelações formam figuras que podemos ver daqui da Terra.
III. Cada constelação possui suas próprias estrelas.
IV. Diversos povos nomearam suas constelações de acordo com o contexto em que viviam.

As alternativas corretas são

(A) I e II.
(B) II e III.
(C) III e IV.
(D) I e IV.

QUESTÃO 2

O desenvolvimento da Astronomia enquanto ciência iniciou-se no século XVII, com a significativa colaboração do polonês Nicolau Copérnico, do italiano Galileu Galilei, do alemão Johannes Kepler e de vários outros estudiosos. Com certa frequência, a Astronomia é tida como sinônimo de Astrologia, porém isso não é verdade!

Para cada frase abaixo, preencha com “AM” para astronomia e “AG” para astronomia:

(   ) Mariana é do signo de leão, Isis é de sagitário e Elias, ariano.
(   ) Analisa a influência dos astros no momento do nascimento da pessoa.
(   ) Estuda os corpos celestes e os fenômenos que ocorrem no espaço.
(   ) Baseia-se em métodos científicos rigorosos, sendo, portanto, uma ciência.

Podemos afirmar que a ordem correta de preenchimento dos parêntesis é

(A) AM, AG, AG, AM.
(B) AG, AM, AG, AM.
(B) AM, AM, AG, AG.
(D) AG, AG, AM, AM.

QUESTÃO 3

Leia com atenção o texto a seguir, que aborda sobre o conhecimento astronômico aplicado à agricultura:

No Ceará, está em andamento um interessante projeto de pesquisa chamado “Astronomia Agrícola aplicada à Agricultura Orgânica”, liderado pelo professor João Batista Freitas, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Este projeto investiga como os conhecimentos da astronomia podem ser úteis na agricultura. De fato, há registros antigos de que civilizações como os egípcios e hebreus já utilizavam os movimentos das estrelas para orientar suas práticas agrícolas. O professor João explica que é possível entender como os corpos celestes afetam o crescimento das plantas. Observando a Lua e outros astros, é possível planejar melhor atividades como o plantio, poda, colheita, entre outros. Surpreendentemente, até mesmo a fase lunar pode influenciar a fixação das raízes das plantas no solo.

Fonte (adaptado): REDAÇÃO. Movimento dos astros orienta cultivo da terra. Diário do Nordeste. Disponível em https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/regiao/movimento-dos-astros-orienta-cultivo-da-terra-1.641355. Acesso em 01/04/2024.

Sobre os temas abordados, analise as frases a seguir.

I. A relação entre astronomia e agricultura é antiga, auxiliando diversos povos.
II. A movimentação dos astros foi considerada na elaboração do nosso calendário
III. A astronomia é considerada uma ciência e a astrologia, uma pseudociência.
IV. Não há “indígenas verdadeiros”, não sendo importante conhecer sua cultura.

São corretas as alternativas

(A) I, II e III.
(B) II, III e IV.
(C) I, III e IV.
(D) I, II, III e IV.

QUESTÃO 4

A Astronomia faz parte da sua vida, em algum nível? E a Astrologia? Exemplifique a sua resposta.

QUESTÃO 5

O cientista e professor de Física aposentado da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Germano Bruno Afonso, se debruçou nos estudos sobre o conhecimento astronômico indígena por vários anos. Ele faleceu em agosto de 2021, vítima da Covid-19; mas seu legado e relevante contribuição para a ciência continuam e permanecerão presentes. Leia abaixo parte de um texto escrito por ele:

Além da orientação geográfica, um dos principais objetivos práticos da astronomia indígena era sua utilização na agricultura. Os indígenas associavam as estações do ano e as fases da Lua com a biodiversidade local, para determinarem a época de plantio e da colheita, bem como para a melhoria da produção e o controle natural das pragas. Eles consideram que a melhor época para certas atividades, tais como, a caça, o plantio e o corte de madeira, é perto da lua nova, pois perto da lua cheia os animais se tornam mais agitados devido ao aumento de luminosidade, por exemplo, a incidência dos percevejos que atacam a lavoura.

A incidência de mosquitos também é muito maior na lua cheia do que na lua nova. Esse fato pode ajudar a combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, pois é muito mais eficaz dedetizar perto da lua cheia.

Os indígenas que habitam o litoral também conhecem a relação das fases da Lua com as marés. Eles associam as marés às estações do ano para a pesca artesanal. Em geral, quando saem para pescar, seja no rio ou no mar, já sabem quais as espécies de peixe mais abundantes, em função da época do ano e da fase da Lua. Por exemplo, eles pescam a gurijuba (Arius parkeri), o peixe mais tradicional da região de Belém, PA, principalmente entre as fases de lua minguante para a nova, nos meses de outubro e novembro.

AFONSO, Germano Bruno. Astronomia Indígena. Anais da 61ª Reunião Anual da SBPC – Manaus, AM – Julho/2009. Disponível em http://www.sbpcnet.org.br/livro/61ra/conferencias/co_germanoafonso.pdf. Acesso em 30/06/2023.

A) Quais são as contribuições do estudo dos astros no cotidiano de pessoas indígenas e não indígenas? Exemplifique.

B) Considerando que os indígenas brasileiros são povos originários – ou seja: habitavam nosso país antes da chegada dos colonizadores europeus; você acredita que o conhecimento astronômico produzido pelas diversas etnias indígenas tem sido devidamente divulgado e valorizado? Argumente.

QUESTÃO 6

Na dissertação de mestrado “Valorização dos Saberes Astronômicos de uma Aldeia Indígena Terena no Estado de São Paulo”, Marisa Serrano Ortiz escreveu o seguinte:

”As manifestações culturais são parte integrante do cotidiano escolar e acontecem durante todo o ano. As brincadeiras e danças tradicionais são vivenciadas na escola e muitas vezes são representações do cotidiano da comunidade. A dança do “Kipaê” símbolo da guerra e vitória dos Terena nos conflitos com outras etnias, homenageia a Ema, animal sagrado, que, além de proteger o povo contra seus inimigos, usa as penas para esquentar os recém-nascidos durante as noites frias. A pena de ema não é mais usada atualmente, porque esta tornou-se rara, mas a Ema está viva no céu e pode ser vista durante a noite. A Ema (Guyra Nhandu) é uma ave também conhecida dos povos Tupi-Guarani. A constelação da Ema está relacionada à chegada do inverno. Em vinte de junho, solstício de inverno, a Ema surge totalmente, no lado sudeste, ao anoitecer, indicando para os índios uma época de muito frio. Ela pode ser localizada pelas constelações do Cruzeiro do Sul e Escorpião”.

OETIZ, Marisa Serrano. Valorização dos Saberes Astronômicos de uma Aldeia Indígena Terena no Estado de São Paulo. UNESP. Disponível em https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/110906/000798178.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 30/06/2023.

O trecho que você leu pontua sobre uma dança dos Terena: a dança do Kipaê, que homenageia um animal sagrado que, inclusive por isso, é representado em uma constelação indígena: a ema.

A) Pesquise sobre as características dessa dança: É feita por homens e mulheres? Há alguma pintura facial ou corporal específica? Como são as vestimentas? Como essa dança é ritmada? Há instrumentos musicais? E cantos?

B) Apresente as características da dança do Kipaê, em cartaz ou por meio de coreografia. Bom trabalho!


SAIBA MAIS

Você sabia que a Lua não é o único satélite natural do Sistema Solar? E que há planetas com vários deles? Conheça tais informações no vídeo abaixo, da professora Mariana Araguaia!

Canal Mariana Araguaia “Satélites Naturais”. Disponível em <https://youtu.be/qv33_UsrptQ>. Acesso em nov. 2022.

AutoriaMariana Araguaia
FormaçãoCiências Biológicas
Componente curricularCiências da Natureza e Arte – Música
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento(EJACI0620) Compreender a Astronomia como ciência que explica a origem do Universo e conhecer os modelos cosmológicos.
(EJAAM0606) Apontar e valorizar a influência dos povos originários identificando suas contribuições na formação da nossa cultura musical.
ReferênciasAFONSO, Germano Bruno. Astronomia Indígena. Anais da 61ª Reunião Anual da SBPC – Manaus, AM – Julho/2009. Disponível em <http://www.sbpcnet.org.br/livro/61ra/conferencias/co_germanoafonso.pdf>. Acesso em 30/06/2023.

BRASIL. Astrologia não é Ciência. Instituto de Física. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em <https://www.if.ufrgs.br/ast/astrologia.htm#:~:text=Quando%20a%20astrologia%20come%C3%A7ou%2C%20no,dos%20reis%20e%20das%20na%C3%A7%C3%B5es>. Acesso em 30/06/2023.

CARNEVALLE, Maíra Rosa. Araribá Mais Ciências: 9º ano. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2018.

ESPAÇO CIÊNCIA. O Céu dos Indígenas. Espaço Ciência – PE. Disponível em <http://ec.pe.gov.br/?p=16103>. Acesso em 30/06/2023.

GOIÂNIA. Documento Curricular para a Rede Municipal de Goiânia – EJA. Secretaria Municipal de Educação e Esporte de Goiânia, 2023. 235p. Disponível em <https://sme.goiania.go.gov.br/site/index.php/institucional/documentos-oficiais-2/category/24-eja?download=425:documento-curricular-para-a-rme-de-goiania-eja>. Acesso em 30/06/2023.

HIRANAKA, Roberta Aparecida Bueno; HORTENCIO, Thiago Macedo de Abreu. Inspire Ciências: 8º ano. 1. ed. São Paulo: FTD, 2018.

LONGHINI, Marcos Daniel. Será o Cruzeiro do Sul uma Cruz? Um Novo Olhar sobre as Constelações e seu Significado. Network for Astronomy School Education. Disponível em <https://tinyurl.com/y3swyvyy>. Acesso em 30/06/2023.

MILONE, André de Castro; WUENSCHE, Carlos Alexandre; RODRIGUES, Cláudia Vilega; D’AMICO, Flávio; JABLONSKI, Francisco José; CAPELATO, Hugo Vicente; BRAGA, João; CECATTO, José Roberto; BOAS, José Williams Vilas; AGUIAR, Odylio Denys; MIRANDA, Oswaldo Duarte. Instrodução à Astronomia e Astrofísica. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, 2018. Disponível em http://www.inpe.br/ciaa2018/arquivos/pdfs/apostila_completa_2018.pdf. Acesso em 30/06/2023.

ORTIZ, Marisa Serrano. Valorização dos Saberes Astronômicos de uma Aldeia Indígena Terena no Estado de São Paulo. UNESP. Disponível em <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/110906/000798178.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 30/06/2023.