Esta proposta de atividade de ARTE – TEATRO é destinada aos estudantes da 7ª Série da Educação de Jovens e Adultos – EJA
Teatro de Formas Animadas
O Teatro de Formas Animadas é uma modalidade teatral que na segunda metade do século XX, ganha outras designações mais comuns como por exemplo: teatro de marionetes, teatro de fantoches ou teatro de bonecos.
As personagens são representados por bonecos, objetos, máscaras, sombras e silhuetas, imagens manipuladas que podem representar o homem, o animal ou ideias abstratas, etc., que ao serem animados por atores-manipuladores se transformam através de um conjunto de técnicas de manipulação, em atores-personagem.
No teatro de bonecos, a manipulação é feita de forma intencional e faz com que as personagens ganhem vida através da intervenção de um ou mais atores-manipuladores. As características essenciais e marcantes para construir uma relação cênica entre o objeto animado e o espectador nessa modalidade teatral são: a expressão visual do boneco, a qualidade vocal do ator-manipulador, o ritmo e entonação da fala do personagem e a manipulação dos bonecos com gestos e movimentos calmos, fortes ou bruscos.
No teatro de formas animadas, o ator manipulador normalmente usa roupa preta para ficar invisível ao público e utiliza apenas os movimentos que manipulam os bonecos e/ou objetos, que são o foco de observação dos espectadores.
O ator manipulador além de dar vida às personagens, pode fazer também sua concepção, criação e direção cênica.
O teatro de bonecos é uma das expressões artísticas mais antigas de que se tem notícias. Estudos apontam que, na Pré-História, os homens se divertiam com suas sombras, movimentando-se nas paredes das cavernas e as mães entretinham seus filhos utilizando os dedos e movendo as mãos, descobrindo diversas sombras com silhuetas interessantes.
Há uma grande variedade de bonecos pelo mundo e cada tipo tem suas características específicas, exigindo uma linguagem dramática especial.
No Japão, por exemplo, os bonecos chamados bunraku, podem alcançar o tamanho de uma criança e são controlados por vários manipuladores a partir de mecanismos nas costas dos bonecos.
Na Índia, especificamente na ilha de Java, os tradicionais bonecos de vara são utilizados.
Na Europa, os principais bonecos utilizados são as marionetes e também os fantoches.
No Brasil, o teatro de bonecos chegou com a tradição do teatro de fantoches e teve grande repercussão e divulgação no país, principalmente com o mamulengo, um dos bonecos mais utilizados no teatro de animação, no estado de Pernambuco.
Tipos de bonecos
Fantoches
São bonecos que possuem o corpo vazio e recoberto por tecido no qual o manipulador veste na mão, encaixando os dedos na cabeça e nos braços do boneco para movimentá-los.
Marionetes
Estes bonecos são controlados por cima do corpo e normalmente, são movimentados por cordões ou fios que vão dos membros (braços e pernas) para um suporte de controle na mão do manipulador, chamado de cruzeta.
Bonecos de vara
São bonecos manipulados por baixo do corpo, mas de tamanho grande, sustentados por uma vara que atravessa todo o corpo, até a cabeça. Outras varas mais finas podem ser usadas para movimentar as mãos e, se necessário, as pernas. Em geral, o boneco de vara é adequado a peças de ritmo lento e solene, mas são muitas as suas potencialidades e grande a sua variedade.
Teatro de sombras
Normalmente é feita através de uma projeção de sombras em telão, com base em uma fonte de luz colocada atrás, que representam silhuetas de figuras de bichos, de plantas, de animais, entre outros. As silhuetas podem ser operadas por baixo do corpo, com varas ou por meio de cordões escondidos atrás dos bonecos como nas sombras chinesas. O teatro de sombras pode ser representado por figuras planas, tridimensionais, ou mesmo figuras com as mãos.
Mamulengos
São bonecos que causam uma espécie de divertimento popular em Pernambuco. Esses bonecos representam histórias dramáticas e quase sempre improvisadas com repentes e cordéis. Os atores manipuladores se escondem debaixo das roupas com tecidos estampados e cores fortes, fazendo que os bonecos se exibem com movimento e fala, nas apresentações em praças, feiras e ruas. As personagens típicas mais conhecidas desse tipo de encenação são: a Quitéria, o Cabo, o Coronel, o Simão, o Cangaceiro, o Padre, o boi e a cobra.
Algumas companhias e grupos de teatro de bonecos se destacam no Brasil, como por exemplo, o grupo teatral Giramundo (MG) e Cia Nu Escuro (GO).
Vamos conhecer algumas curiosidades sobre eles?
Giramundo
Giramundo foi criado em 1970, em Belo Horizonte, pelos artistas plásticos Álvaro Apocalypse, Tereza Veloso e Madu. Considerado um dos mais significativos e produtivos grupos teatrais de formas animadas do Brasil, pela estética e cuidado técnico na construção de bonecos e espetáculos, aliados ao interesse pela cultura brasileira.
Cerca de 1500 bonecos foram criados com a utilização de variadas técnicas de marionetes, que ganharam vida pelas mãos do grupo. Uma criação muito conhecida são os bonecos que fizeram sucesso na minissérie “Hoje é Dia de Maria”, exibida pela Rede Globo.
Nos espetáculos do grupo, são utilizados vários recursos, estilos de bonecos e manipulação. São utilizados bonecos simples, bonecos manipulados por fios, mamulengos, bonecos de vara, bunraku (bonecos manipulados por três atores) e mochila (boneco manipulado que fica apoiado nos ombros), além de adaptações próprias, como bonecos sentados, uso de máscaras e teatro de sombras.
Atualmente, o Giramundo se transformou, tentou fugir das definições convencionais de grupo teatral para se tornar em um centro de pesquisa e conhecimento sobre o teatro de formas animadas, uma espécie de núcleo multimídia, onde uma cena de animação reúne bonecos reais e suas versões digitais.
O Giramundo possui outros dois importantes projetos, o Museu e a Escola. O Museu Giramundo surgiu pela necessidade de um local para abrigar toda a coleção de bonecos do grupo.
E hoje o Museu reúne o acervo de bonecos produzidos pelo grupo e de informações sobre o Teatro de Bonecos do Brasil. É o espaço de apresentação e ensaio do próprio grupo e funciona com programação permanente. O Museu ainda oferece um espaço para a atividade educativa, com foco na experimentação e formação nos campos da manipulação, montagem de cena, coreografia e cenotécnica.
A Escola Giramundo, por sua vez, é uma escola não formal. Oferece cursos, oficinas e palestras, estimulando o desenvolvimento de métodos de criação e produção no teatro de bonecos.
Cia de Teatro Nu Escuro
A Cia de Teatro Nu Escuro é um grupo de Goiânia-Goiás que desde 1996 utiliza o teatro de bonecos, o hibridismo de linguagens e a participação colaborativa dos seus integrantes para experimentar, investigar e vivenciar as diversas formas do fenômeno teatral, mantendo um repertório com peças apresentadas em palcos, ruas e espaços alternativos como museus e galpões.
Questões sociais, comédias, situações cotidianas que acontecem como uma epifania e que são motivos para reflexões, humanidades, personagens do campo e da cidade, realismo mágico e a oralidade popular são alguns dos assuntos trabalhados no grupo.
O texto do espetáculo Plural, por exemplo, foi construído exatamente por todos da Cia, juntamente com Hélio Fróes, elementos da arte popular, a oralidade, atuação dos artistas integrantes do grupo, música ao vivo, teatro de bonecos, teatro de animação e também um pouco de circo.
Além desses elementos, a Cia Nu Escuro experimenta outras linguagens, como a fotografia, a arte tecnológica, a dança, a performance e o audiovisual.
Além de Plural, outros espetáculos também fazem parte do currículo da companhia, como Três por três (1997), Carro Caído (2000), O Cabra que matou as cabras (2004), Pitoresca (2015), Dramas ao Cubo (2019) e Gato Negro (2013).
A Cia de teatro Nu Escuro promove ainda o Festival do Boneco, um importante evento que tem por objetivo valorizar a discussão sobre a linguagem entre os pesquisadores e interessados nas formas animadas.
O Festival do Boneco busca fomentar a arte em Goiás, pautando-se em algumas vertentes importantes para difundir a linguagem do teatro de animação, tanto para as artes cênicas como para o teatro de animação. Essas vertentes envolvem a:
- viabilização para circulação de espetáculos nacionais e internacionais no estado de Goiás, tanto de grupos quanto de profissionais que se dedicam a pesquisa das formas animadas;
- formação de público com acesso a apresentações gratuitas ou de baixo custo nos teatros, praças, ruas, escolas, dentre outros;
- formação e capacitação na linguagem das formas animadas para profissionais.
VAMOS RESPONDER ALGUMAS QUESTÕES?
QUESTÃO 1
- O que é o teatro de formas animadas?
- Você conhece ou já assistiu a esta modalidade teatral?
QUESTÃO 2
- Qual é a função do ator manipulador?
- Você sabe quais são os tipos de bonecos e suas características?
QUESTÃO 3
Fantoches de meias
Recursos e materiais necessários: Lápis preto, canetinha, caderno, tinta guache, pincéis, papéis diversos de cores variadas, cartolina de cores variadas, barbante, lã, cola branca, tesoura sem pontas, meias velhas.
Pensar uma personagem para ser criada.
Colocar a meia na mão que irá manipular o fantoche. Deixar os dedos esticados e, com a outra mão, usando uma canetinha, marcar na meia o local onde estiver o polegar. Fazer um pequeno furo no local marcado, onde está o polegar, assim vocês vão poder colocá-lo para fora da meia.
Com uma tesoura sem pontas, deverá fazer o furo, com cerca de 1,5 cm de diâmetro. (Com uma moeda de 10 centavos é possível traçar o contorno que deverá ser recortado, o furo).
Em seguida, confeccione o seu fantoche de acordo com a personagem que você escolheu. Os olhos podem ser feitos com cartolina e colados na meia com cola branca.
A cartolina ou papéis coloridos podem ser usados para fazer gravatas, laços, chapéus, turbantes e óculos, por exemplo, e pedaços de barbante ou lã podem ser usados para fazer cabelo, ou até mesmo tiras de papel
Podem usar os materiais como quiserem, o importante é caracterizarem o fantoche para ele representar a sua personagem.
É necessário esperar a cola secar antes de manipular o fantoche.
Com o fantoche pronto, deve-se pintar o polegar com tinta guache, com a cor que quiserem, e, assim, finalizar a composição do fantoche com meia. A pintura do polegar pode ser feita enquanto a cola seca.
Seca a cola e a tinta guache, formem duplas e conversem, cada um com sua personagem. Capriche na manipulação do fantoche, falando de um jeito diferente, com voz diferente e com movimentos que caracterizam cada vez mais a sua personagem.
SAIBA MAIS – ARTE – TEATRO DE FORMAS ANIMADAS
Acesse os materiais referentes a essa atividade clicando na imagem abaixo:
Componente Curricular | Arte – Modalidade -Teatro |
Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento | (EAJAAR0783) Compreender, propor e registrar processos de pesquisa e criação de figurinos, cenários, objetos cênicos, adereços, maquiagem e outros elementos concretos do fazer teatral. (EAJAAR0785) Compreender as múltiplas possibilidades de interação da composição teatral com as diferentes tecnologias e recursos digitais (multimeios, animações, jogos eletrônicos, gravações em áudio e vídeo, fotografia, softwares etc). |
Referências | AMARAL, Ana Maria. O Ator e Seus Duplos. São Paulo: Editora Senac, 2002. ______. Teatro de Animação. São Caetano do Sul: FAPESP (Ateliê Editorial), 1997. ______. Teatro de Formas Animadas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996. COSTA, Felisberto Sabino da. A poética do ser e não ser: Procedimentos dramatúrgicos do teatro de animação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2016. p. 97. |