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História – Teorias da origem do homem americano

Olá! Esta aula de História é destinada aos estudantes da 6ª Série da Eaja.

Temática – História – Teorias da origem do homem americano. Disponível em: <http://emiliayoko.blogspot.com/2011/12/origem-do-homem-americano.html>. Acesso em: 09 de Dezembro de 2021.

Esta aula apresenta teorias da origem do homem americano com destaque para as descobertas de Niède Guidon em São Raimundo Nonato, no Piauí.


Assista a videoaula abaixo, com a temática – História – Teorias da origem do homem americano

HISTÓRIA| Eaja | 6ª SÉRIE | PROF.: ANÍSIO FILHO

Teorias da origem do homem americano

Quando portugueses e espanhóis chegaram às terras que depois viriam a ser a América, encontraram-na povoada. Chamaram de índio o povo que encontrou, isso é bem conhecido. Mas, como foi que os primeiros seres humanos, ancestrais dos índios, chegaram nestas terras? Essa é uma pergunta que desafia os cientistas e desencadeia discussões. Descobertas recentes mudaram as teorias aceitas. Você conhece esse debate?

O debate entre teorias 

Veja o que o historiador e arqueólogo Pedro Paulo Funari diz sobre isso no livro Arqueologia: uma atividade muito divertida, que ele escreveu junto com Vera Toledo e Glória Tega.

“O ser humano mais antigo do Brasil 

Todo mundo quer saber qual o mais antigo ser humano no que viria a ser o Brasil: era uma mulher, Luzia. Com mais de dez mil anos, foi encontrada em Lagoa Santa, Minas Gerais (perto de Belo Horizonte) um crânio do que, até hoje, é o mais antigo esqueleto humano. Suas feições sugerem uma possível origem africana. O certo é que já havia humanos aqui há muito tempo. (…)

Os primeiros habitantes: quando? 

(…) Segundo alguns, os antepassados humanos antigos teriam centenas de milhares de anos. Mas, as datações não são muito seguras e isso não é muito aceito. Muito menos improvável é a possibilidade de que os vestígios humanos mais antigos do continente americano estejam no Piauí, com 50 mil anos ou mais” (FUNARI, TOLEDO, TEGA, 2021, pág. 8).

A teoria do estreito de Bering e as descobertas de Niède Guidon

Você reparou como o autor do texto responde a questão do quando os primeiros homens chegaram a esse território? Ele apresenta opiniões diversas porque essa é uma questão aberta ainda em discussão. Mas as descobertas no Piauí permitem afirmar com certeza que o ser humano chegou ao Brasil muito tempo antes do que se imaginava: em torno de 50 mil anos pelo menos.

As descobertas arqueológicas no Piauí foram resultado do trabalho da arqueóloga brasileira Niède Guidon, você já ouviu falar nessa mulher? Veja o que a historiadora da ciência, Jéssica Gaudêncio, diz sobre ela:

“A partir de suas pesquisas na região de Raimundo Nonato-Piauí, Niède Guidon encontrou indícios da mais antiga presença humana em solo americano. Com o trabalho iniciado em 1970, sua equipe escavou cerca de 1200 m³ no abrigo pré-histórico Boqueirão da Pedra Furada. Neste local encontram-se centenas de pinturas rupestres deixadas por nossos antepassados, sendo a maioria representações de animais em movimento, principalmente capivaras (o qual se dá o nome do parque), veados e também desenhos de figuras humanas, com representações sexuais, de danças, de parto e às vezes sinais geométricos” (GAUDÊNCIO, 2018, pág. 81).

Agora eu te pergunto: por que essas descobertas de Niède Guidon são tão importantes? E logo te respondo: porque elas mudam completamente o que se acreditava sobre a chegada do homem no continente americano. A teoria mais aceita é a do Estreito de Bering, segundo a qual o homo sapiens chegou à América vindo da Ásia atravessando da Sibéria para o Alasca, há cerca de 11 a 15 mil anos, num período em que o nível do mar era muito mais baixo que o de hoje favorecendo a passagem por aquele ponto. E do Alasca o homem se espalhou pelo continente americano.

No mapa a seguir, é possível observar este percurso:

Fonte: ALBUQUERQUE, REIS, CARVALHO, 1977.

Jéssica Gaudêncio mostra que Niède Guidon pensa diferente.

“Sendo assim, outra via possível, na opinião de Niède Guidon, para explicação da antiguidade da presença humana no Nordeste brasileiro, seria a travessia por via marítima, há cerca de 100 mil anos. A pesquisadora acredita que o Homo sapiens chegou à América vindo da África por via oceânica, atravessando o Atlântico. Este percurso pode ter sido feito pela costa Oeste da África, utilizando a corrente oceânica Benguela e depois a corrente equatorial do Golfo da Guiné, seguindo até a costa nordestina brasileira, atravessando o Atlântico de ilha em ilha, já que o mar estava 140 metros mais abaixo do nível de hoje, havendo naquele período um número maior de ilhas. Porém, Guidon não exclui a hipótese de existirem outros caminhos para a América, vindos da Ásia, ilhas Malásia, Indonésia e Oceania” (GAUDÊNCIO, 2018, p. 82).

No mapa disponível no link abaixo você pode identificar as correntes oceânicas apontadas no texto.

Acesse o link: https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_mundo/mundo_clima_e_correntes_maritimas.pdf

Veja que interessante, o trabalho de uma cientista brasileira permitiu mudar o conhecimento que se tinha sobre a chegada do homem não só no Brasil, mas em todo o continente americano. Com as pesquisas de Niède Guidon fica claro que há 50 mil anos a espécie humana já se encontrava por aqui. É possível que a teoria do Estreito de Bering e as descobertas de Guidon não sejam excludentes, ou seja, uma não invalida a outra. O que elas mostram é que em vez de ter chegado primeiro na América do Norte, como se pensava antes, o homem, na verdade, chegou primeiro aqui no Brasil, no Nordeste brasileiro, para ser mais preciso, vindo da África e não da Ásia.

Atividade

Questão 1. Como o homem chegou à América?

Questão 2. Imagine que você é o responsável pela comunicação nas redes sociais de um jornal e a sua tarefa é a de escrever uma notícia sobre as descobertas de Niède Guidon para a página de Facebook e a conta do Instagram. Escreva essa notícia lembrando que o texto deve ser preciso e sucinto.


Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento:(EAJAHI0523) Conhecer as teorias da origem do homem americano e seu progressivo processo de sedentarização.
Referências:ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de. REIS, Arthur Cézar Ferreira. CARVALHO, Carlos Delgado de. Atlas histórico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro: FENAME, 1977. Disponível em <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001601.pd f> Acesso em 01 de fevereiro de 2021.
FUNARI, Pedro Paulo. TOLEDO, Vera. TEGA, Glória. Arqueologia: uma atividade muito divertida. Disponível em: <https://www.academia.edu/14009298/Arqueologia_uma_atividade_divertida> Acesso em 30 de janeiro de 2021.
GAUDÊNCIO, Jéssica da Silva. Niède Guidon: a cientista brasileira responsável pelo tesouro arqueológico nacional. História da Ciência e Ensino: construindo interfaces, v. 18, p. 76-87, 2018. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/hcensino/article/view/36809/26731> Acesso em 30 de janeiro de 2021.