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Língua Portuguesa – A poesia goiana e o lirismo de Cora Coralina

Olá! Esta aula de Língua Portuguesa é destinada a educandos da 6ª Série da Eaja.

Temática – Língua Portuguesa – A poesia goiana e o lirismo de Cora Coralina. Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/ministeriodacultura/14336513211>. Acesso em: 23 de Novembro de 2021.

A aula de hoje abordará o gênero poético, seus conceitos básicos e para enaltecer o lirismo escolhemos a poesia de Cora Coralina que consagra o canto e o recanto da Cidade de Goiás nos versos do seu saudoso poema intitulado: Minha Cidade. Com sua metrificação simples e versos simbólicos, Cora Coralina revisita a história e a singularidade da Cidade de Goiás, retomando seu patrimônio e priorizando suas belezas naturais que tanto envaidecem o nosso povo goiano.


Assista a videoaula abaixo, com a temática – Língua Portuguesa – A poesia goiana e o lirismo de Cora Coralina

LÍNGUA PORTUGUESA | 6ª SÉRIE | Eaja | PROF.ª: REGINA

A poesia goiana e o lirismo de Cora Coralina

Hoje, iremos conhecer um pouco da trajetória poética de Cora Coralina, a doceira de profissão e a poetisa de coração, nasceu e foi criada em uma das mais belas cidades históricas do mundo: a Cidade de Goiás. Se você quiser conhecer um pouco mais sobre a autora é só visitar a sua casa, observar seus objetos, tomar uma água fresca na bica e adentrar nos sonhos de passado que ainda podem ser vistos na casa museu de Cora Coralina, situada às margens do Rio Vermelho na Cidade de Goiás.

A referida autora aborda em suas obras os elementos mais singulares da pacata Cidade de Goiás: sua gente simples, seus afazeres, seus costumes, sua religiosidade e claro, toda a natureza que cercam a saudosa Vila Boa, pois assim era chamada a Cidade de Goiás no passado. Nesta aula vamos conhecer o poema saudosista e extremamente divulgado pela mídia: Minha Cidade, nele a autora aponta suas memórias de menina e resgata toda beleza histórica de um tempo imortal, vivo em palavras e autêntico em imagens:

Minha cidade, Cora Coralina

Goiás, minha cidade…

Eu sou aquela amorosa

de tuas ruas estreitas,

curtas,

indecisas,

entrando,

saindo

uma das outras.

Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa.

Eu sou Aninha.

Eu sou aquela mulher

que ficou velha,

esquecida,

nos teus larguinhos e nos teus becos tristes,

contando estórias,

fazendo adivinhação.

Cantando teu passado.

Cantando teu futuro.

Eu vivo nas tuas igrejas

e sobrados

e telhados

e paredes.

Eu sou aquele teu velho muro

verde de avencas

onde se debruça

um antigo jasmineiro,

cheiroso

na ruinha pobre e suja.

Eu sou estas casas

encostadas

cochichando umas com as outras,

Eu sou a ramada

dessas árvores,

sem nome e sem valia,

sem flores e sem frutos,

de que gostam

a gente cansada e os pássaros vadios.

Eu sou o caule

dessas trepadeiras sem classe,

nascidas na frincha das pedras

Bravias.

Renitentes.

Indomáveis.

Cortadas.

Maltratadas.

Pisadas.

E renascendo.

Eu sou a dureza desses morros,

revestidos,

enflorados,

lascados a machado,

lanhados, lacerados.

Queimados pelo fogo.

Pastados.

Calcinados

e renascidos.

Minha vida,

meus sentidos,

minha estética,

todas as vibrações

de minha sensibilidade de mulher,

têm, aqui, suas raízes.

Eu sou a menina feia

da ponte da Lapa.

Eu sou Aninha.

O lirismo de Cora Coralina apresenta uma beleza singular, de leveza agradável e versos simples. Sua obra foi reconhecida aos setenta e seis anos, nesta época já era conhecida como doceira, mas foi em 1934 que a autora recebeu o convite para ser vendedora de livros da editora José Olimpo, já com o pseudônimo de Cora Coralina, pois seu nome de batismo é Ana Lins Peixoto Bretas. Já em 1965, lança seu primeiro livro, “O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais”. Em 1976, é lançado “Meu Livro de Cordel”. Em 1980, Carlos Drummond de Andrade envia-lhe uma carta elogiando seus poemas, e tal carta após ser divulgada, desperta o interesse do público leitor e a faz ficar conhecida em todo o Brasil.

O poema intitulado Minha Cidade, aponta três fases líricas da autora que decorre com o passar do tempo, a menina, a mulher e a idosa; quando refere-se aos versos: 

“de minha sensibilidade de mulher,

têm, aqui, suas raízes.

Eu sou a menina feia

da ponte da Lapa.

Eu sou Aninha.”

E maior que o tempo e sua paixão pela Cidade de Goiás, toma-se o sentimento de pertencimento, de identidade e identificação com um lugar que tão bem diz ter raízes. A autora demonstra um extremo senso de patrimônio, não apenas do espaço, mas dos valores, dos costumes. E em síntese, confunde-se com a natureza que cerca a cidade, seus morros, suas plantas, seus pássaros, suas casas, suas pedras e seus becos. E ao unir seu lirismo com as belezas naturais da cidade, permite-se o encontro do passado com o presente, da velha poetisa com a menina que foi criada na Ponte da Lapa. Claro que metafórico, pois Cora Coralina estará sempre viva em seus versos e a Cidade Goiás é ainda uma menina que já podemos chamar de senhora.

Atividades

Questão 01 – Tomando como base o sentimento de pertencimento de Cora Coralina com relação a Cidade Goiás, comente o nome de alguma cidade do interior goiano, que lhe desperta este tipo de emoção. Mencione sua calmaria, o passar das horas e claro as características naturais do lugar, como rios, vales, serras, vegetação.

Questão 02 – Certamente você deve ter ouvido falar sobre a Cidade de Goiás, ou mesmo já teve a oportunidade de visitá-la. Faça um breve relato desta experiência caso tenha ido. Se ainda não foi feito um roteiro sobre os principais lugares que você gostaria de conhecer, vamos lá? Lápis e papel na mão e a criatividade livre.


Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento:(EAJALP0624) Identificar as diferentes estruturas composicionais dos gêneros poéticos.
(EAJALP0519) Identificar os recursos coesivos textuais utilizados para articular ideias e fatos
Referências:CORALINA, Cora. Poema dos becos de Goiás e histórias mais. Rio de Janeiro: Global, 1985. p.47-48.