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Língua Portuguesa – A singularidade poética de Cora Coralina.

Olá! Esta aula de Língua Portuguesa é destinada a educandos da 8ª Série da Eaja.

Temática – Língua Portuguesa – A singularidade poética de Cora Coralina. Disponível em: <https://pixabay.com/pt/photos>. Acesso em: 14 de Setembro de 2021.

A aula de hoje abordará o gênero poético, suas manifestações modernas e sociais. A participação da poesia nas distintas situações do cotidiano, em especial na vida das pessoas humildes. A poesia além das rimas é capaz de descrever as desigualdades sociais, e claro, evidenciar injustiças, mas sem perder o encantamento das palavras.


Assista a videoaula abaixo, com a temática – Língua Portuguesa – A singularidade poética de Cora Coralina.

8ª SÉRIE | Eaja |LÍNGUA PORTUGUESA| PROF.ª: REGINA


A singularidade poética de Cora Coralina

Hoje, iremos estudar a poesia singular de Cora Coralina, marcada pela simplicidade de uma vida modesta, a autora consegue revelar em seu lirismo as vertentes do sofrimento nas classes menos favorecidas. Cora Coralina, com grandiosa paixão, canta as coisas de sua terra e o cotidiano duro de alguns trabalhadores goianos, dentre eles, ressaltamos o papel da lavadeira.

Os poemas de Cora Coralina são conhecidos por refletirem bem a “alma feminina”, suas angústias, necessidades, crenças e acima de tudo o apego familiar (em especial o zelo dos filhos). São figuras femininas que não tiveram escolha, e por muitas vezes para sobreviver e cuidar de seus filhos tiveram que assumir trabalhos duros, como cozinhar em fogão de lenha, lavar roupa no rio e até mesmo lidar na roça em tempos de plantio. 

A lavadeira, essa mulher, de mãos rudes, deformadas, olhar distante, parado no tempo. À ela, Cora Coralina faz deste poema uma belíssima homenagem às mulheres que cuidam de sua prole sozinhas, que levam o sustento para dentro de suas casas mesmo que isso exija o sofrimento como marcas na pele ou calos nas mãos. Veja na íntegra o primoroso poema:

A lavadeira

Essa Mulher…

Tosca. Sentada. Alheada…

Braços cansados

Descansando nos joelhos…

olhar parado, vago,

perdida no seu mundo

de trouxas e espuma de sabão

– é a lavadeira.

Mãos rudes, deformadas.

Roupa molhada.

Dedos curtos.

Unhas enrugadas.

Córneas.

Unheiros doloridos

passaram, marcaram.

No anular, um círculo metálico

barato, memorial.

Seu olhar distante,

parado no tempo.

À sua volta

– uma espumarada branca de sabão

Inda o dia vem longe

na casa de Deus Nosso Senhor

o primeiro varal de roupa

festeja o sol que vai subindo

vestindo o quaradouro

de cores multicores.

Essa mulher

tem quarentanos de lavadeira.

Doze filhos

crescidos e crescendo.

Viúva, naturalmente.

Tranqüila, exata, corajosa.

Temente dos castigos do céu.

Enrodilhada no seu mundo pobre.

Madrugadeira.

Salva a aurora.

Espera pelo sol.

Abre os portais do dia

entre trouxas e barrelas.

Sonha calada.

Enquanto a filharada cresce

trabalham suas mãos pesadas.

Seu mundo se resume

na vasca, no gramado.

No arame e prendedores.

Na tina d’água.

De noite – o ferro de engomar.

Vai lavando. Vai levando.

Levantando doze filhos

Crescendo devagar,

enrodilhada no seu mundo pobre,

dentro de uma espumarada

branca de sabão.

Às lavadeiras do Rio Vermelho

da minha terra,

faço deste pequeno poema

meu altar de ofertas.

(Poemas dos becos de Goiás e histórias mais, Cora Coralina.)

Observe que na segunda estrofe a autora procura mostrar a dureza da vida que leva a lavadeira, cujo corpo recebe marcas do penoso ofício de lavar roupas, apontando as mãos rudes  e  os unheiros, de um mulher que na realidade anda perdida nos seus afazeres e que no passado já foi casada, restando apenas a marca no anular de um compromisso que já foi, pois tornou-se viúva. 

Este poema de maneira especial, foi oferecido a todas as lavadeiras do Rio Vermelho da Cidade de Goiás, composto de treze estrofes, de maneira irregular não apresentam o mesmo número de versos. E em três momentos, o eu-lírico afirma que a lavadeira levanta e começa a trabalhar muito cedo, apontando uma mulher correta, esforçada, religiosa e que vive no seu espaço de pobreza, lavando sua roupa como trabalho e criando seus filhos como luta.       

Atividades

Questão 1 – A poesia de Cora Coralina carrega cores e sabores especiais de Goiás, bem como sua história de vida e a história da sua casa, para melhor conhecer a poesia de Cora Coralina assista ao vídeo: Museu Casa de Cora Coralina. Acesse o link: <https://www.youtube.com/watch?v=Qu5nJEKM0h8>.

Após o vídeo você irá notar que a escrita de Cora Coralina consagrou-se projetando Goiás para o mundo com seus encantos e belezas naturais.

Questão 2 – Você já deve ter observado que o fato relatado no poema acontece na Cidade de Goiás   (cidade que no passado foi a capital do nosso estado, e hoje é patrimônio cultural da humanidade por sua arquitetura colonial). Será que atualmente, no interior do nosso estado acontecem cenas como esta, uma mulher lavando roupa no rio? Comente com seus colega e familiares a respeito deste tema tão singelo e humilde.


Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento:(EAJALP0712) Compreender e posicionar-se sobre conteúdos e informações de fontes diferentes, nos contextos de produção.  
(EAJALP0834) Usar de recursos linguísticos de acordo com a necessidade discursiva.   
(EAJALP0817) Identificar e perceber a organização de texto dramático e os sentidos decorrentes dos recursos linguísticos e semióticos (peça teatral, novela, filme etc.).
Referências:Cora Coralina recita “A lavadeira”. Site: Vermelho.org.br. Disponível em:https://vermelho.org.br/prosa-poesia-arte/cora-coralina-a-lavadeira/acessado em 13/09/2021