Olá, educando (a). Esta videoaula de Geografia foi veiculada na TV no dia 07/08/2021 (Terça-feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.
Na aula de hoje vamos compreender a integração e modernização do território brasileiro através da sua rede de transporte.
Assista a videoaula abaixo, com a temática – Geografia – Frete grátis.
Frete grátis
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Esses deslocamentos de mercadorias só são possíveis em decorrência das redes de transporte, que possibilitam a circulação pelas cidades, estados, países e continentes. A eficiência na integração de diversas regiões garantem o fluxo de pessoas, mercadorias, serviços e informações com menor custo e tempo. É preciso compreender que as redes de transporte estão associadas ao desenvolvimento econômico e as dinâmicas populacionais, sendo fator atrativo para instalação de indústrias e impulsionaram o surgimento de diversas cidades margeando rodovias e ferrovias.
Rede de transporte
Podemos compreender as redes como um sistema integrado de fluxos, que ligam pontas e possibilitam a circulação de pessoas, mercadorias, serviços e informações. A configuração territorial brasileira sofre forte influência da rede de transporte, considerando que os investimentos industriais levam as redes (transporte, comunicação, energia, dentre outras) como fator decisivo para determinar sua localização e por sua vez, a facilidade de receber matéria- prima e escoar a sua produção para os mercados consumidores.
Figura I: Deslocamento de carga por modalidade de transporte. Fonte: ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 7° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. p. 98.
As redes de transporte podem ser terrestres (rodovias, ferrovias e dutos), áreas (aerovias) ou aquáticas (Aquavias). Como podemos observar na Figura I, entre os modais de transporte citados o Brasil tem grande dependência do deslocamento de cargas feito pelas rodovias e isso não ocorre por acaso.
Transporte Rodoviário
O sistema rodoviário é o principal modal de transporte brasileiro, composto por vias municipais, estaduais e federais, sendo responsável pela integração de diferentes regiões do Brasil. Até início do século XX as rodovias serviam para complementar as ferrovias, que eram o principal meio de transporte utilizado para deslocamento de pessoas e cargas em longas distâncias.
A construção de rodovias foi incentivada em diferentes momentos pelos governantes brasileiros, o presidente Washington Luís (1926 – 1930) salientava a necessidade de construção da rodovias, mas é durante o governo de Juscelino kubitschek (1956- 1961) que a ampliação da malha viária brasileira ocorre com maior intensidade.
O surgimento de novas indústrias e a necessidade de maior integração do território brasileiro pressionou a necessidade de criar modais de transporte que garantam os fluxos, devido maior incentivo governamental para o transporte rodoviário a expansão desse modal é significativa. Com a transferência da capital federal para o interior do Brasil, com objetivo de incentivar a ocupação da porção oeste do território brasileiro, são criadas rodovias federais para conectar Brasília a outros pontos do país e daqui em diante esse modal passa a ser o nosso principal modelo de transporte.
Com a chegada das indústrias automobilísticas sob forte influência da cultura estadunidense, após os anos de 1960 o rodoviarismo substitui as ferrovias nos transporte de longa distância e as rodovias passam a ser construídas nas rotas que antes eram feitas pelos trens e nos caminhos percorridos pelos tropeiros. Veja:
Figura II: Distribuição das rodovias federais no Brasil. Fonte: CASTILHO, D. Modernização territorial e redes técnicas em Goiás. 2014. 224 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014. p. 105.
Como podemos observar na Figura II ainda existe uma grande concentração de rodovias federais nas áreas litorâneas e na região Centro- Sul, as quais exercem influência na configuração de rede urbana, articulação com outras regiões, atração de indústrias e surgimento de cidades. A pouca oferta de rodovias federais na região norte ocorre em decorrência da ampla utilização do transporte aquático e por falta de investimentos públicos, o que gera problemas de logística que interferem diretamente no desenvolvimento econômico desse espaço. É importante lembrar que a Figura II não apresenta as rodovias estaduais, que são pensadas na maioria das vezes para conectar as cidades da mesma Unidade da Federação.
A construção de rodovias trouxeram diversos impactos ambientais e sociais, mesmo sendo o principal modal de transporte brasileiro sofre com vias precárias em decorrência da ausência de manutenção, o custo de implementação é baixo mas manter a malha viária em bom estado depende de muito investimento. De acordo com a Confederação Nacional de Transporte (CNT) 79% do valor gasto pela união com meios de transporte ficam para ampliação e manutenção do transporte rodoviário.
Transporte aéreo
É o modal de transporte mais caro e em decorrência da velocidade de deslocamento das aeronaves permite percorrer longas distâncias em pouco tempo é amplamente utilizado no Brasil para cargas frágeis, de alto valor ou altamente perecíveis. Foi apenas após a Segunda Guerra Mundial que a aviação civil ganhou força no Brasil e a ampliação de aeroportos em todo território nacional e redução do valor das passagens aéreas permitiram que mais brasileiros usassem o avião como meio de transporte.
Figura III: Fluxos aéreos. Fonte: ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 7° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. p. 94.
A construção da Zona Franca de Manaus impulsionou a utilização desse modal para o transporte de cargas em especial na rota entre Amazônia e São Paulo, como podemos observar na Figura III, a previsão é que quando o aeroporto de cargas em Anápolis- GO estiver em pleno funcionamento essa e outras rotas aéreas para carga sejam fortalecidas.
Transporte aquaviário
A utilização de rios, lagos, mares e oceanos também são importantes para a integração entre os estados brasileiros e outros países. É o meio de transporte mais barato para a movimentação de carga, no Brasil está localizado principalmente na Região Norte onde a Bacia do Amazônica corresponde a 80% das hidrovias nacionais e é amplamente utilizada para o transporte de pessoas e mercadorias, algumas cidades só é possível acessá-las pelas hidrovias.
Figura IV: Rede aquaviária. Fonte: ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 7° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. p. 102.
Como é possível observar no mapa presente na Figura IV, nem todos os rios são navegáveis e podem ser utilizados como hidrovias. Boa parte da produção brasileira é exportada em portos, pelos navios, ainda que as imagens dos contêineres chamem bastante nossa atenção 65,8% do transporte aquaviário é de granel sólido (soja, carvão, trigo, minério ferro, bauxita, dentre outros). Os navios são utilizados para navegação de longo curso, entre portos marítimos de países diferentes e para navegação de cabotagem, que também é conhecido por costeira e liga portos dentro do mesmo país.
Transporte ferroviário
As ferrovias já foram o principal meio de movimentação de cargas no Brasil, seu uso também ocorria para transportar pessoas em longas distâncias. No entanto, atualmente as ferrovias perderam espaço para outros modais de transporte, em especial o rodoviário, como podemos observar na Figura I.
Não é difícil ter essa percepção, basta pensar quantas vezes você utilizou o trem em viagens para outras cidades? E quantas vezes o deslocamento foi realizado por automóveis? Em território nacional, e especialmente em Goiás, as ferrovias são utilizadas principalmente para o transporte de cargas e por isso provavelmente sua resposta para a pergunta anterior não tinham as linhas férreas como opção.
Figura V: Evolução das ferrovias no Brasil. Fonte: CASTILHO, D. Modernização territorial e redes técnicas em Goiás. 2014. 224 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014. p. 68.
As primeiras linhas férreas brasileiras foram construídas com capital privado e não tinham como objetivo promover a integração de todo território nacional, estavam concentradas nos grandes centros produtores, faixa litorânea e sutilmente a região centro- sul, e ligavam essas áreas aos portos marítimos para exportar a produção. Nesse período a economia brasileira era voltada para exportação de bens primários, em 1954 a extensão da rede ferroviária brasileira era de 38 mil km.
Figura VI: Brasil: Rede Ferroviária. Fonte: ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 7° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. p. 100.
Em 2017 havia 30 mil quilômetros de ferrovias no Brasil, número menor que em 1954, a desativação de algumas linhas férreas em decorrência de prejuízos na operação pela falta de modernização e integração, perda da importância econômica ou pelo surgimento de rodovias para realizar o trajeto. É possível observar em território brasileiro valorização fundiária, surgimento de cidades e aumento da população nas regiões que margeiam as ferrovias, mesmo assim a escolha pelo transporte rodoviário reduz a utilização e expansão desse modal.
Após longo período sem investimentos na expansão das linhas férreas, em meados de 1990 voltamos a observar investimentos para ampliação das ferrovias brasileiras. O Brasil apresenta apenas 3,4 km de linha férrea por mil quilômetros quadrado de território, pouco expressivo se comparado a países bem menores como a Argentina (12/1000km²), França (60/1000km²), Japão (62/1000km²) e Alemanha (130/1000km²), o transporte ferroviário apresenta alto custo de implantação com baixo custo de manutenção, por ser capaz de transportar elevado volume de carga e com bom tempo de deslocamento se torna uma das melhores relação de custo x benefício.
Integração do modais
Não é vantajoso utilizar apenas um dos modais de transporte entre os apresentados, cada um desses apresenta vantagens e desvantagens que podem levar ao aumento do custo para transportar pessoas, mercadorias ou serviços de um ponto ao outro. O ideal é que tenhamos uma plataforma multimodal (intermodal) que permita maior integração no território nacional e com outros países, utilizando as potencialidades de cada sistema de transporte e não gerando dependência exclusiva de apenas um modelo.
Atividade
Responda as questões abaixo e registre as respostas em seu caderno. Se possível, compartilhe com os colegas e professores.
Questão 1 – Dentre os modais de transporte apresentados qual é predominante dentro do Estado em que você mora?
Questão 2 – Observe a Figura IV, existe alguma hidrovia no Estado em que você mora? Se a sua resposta for positiva descreva quais rios são utilizados para navegação.
Questão 3 – Qual a relação podemos estabelecer entre rodovias, ferrovias, desenvolvimento econômico e o surgimento de cidades em Goiás?
Questão 4 – Observe as Figuras II, IV, V e VI sabendo que as rodovias são o principal meio de transporte no Brasil, seria possível pensar uma plataforma intermodal?
Lembrando que as exportações e importações ocorrem principalmente pelos portos em decorrência da relação custo x benefício, elabore um mapa de Goiás que represente todos os modais de transporte, aponte os pontos de integração entre os modais.
Habilidade estruturante: | (EF07GE07-A) Compreender a importância e a função das redes de transporte e comunicação no desenvolvimento do território brasileiro e suas implicações socioeconômicas, ambientais e culturais. |
Referências: | ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 7° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. CASTILHO, D. Modernização territorial e redes técnicas em Goiás. 2014. 224 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014. Disponível em:<https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/3500>. Acesso em: 02 de agosto de 2021. CNT- Confederação Nacional do Transporte. Transporte de cargas no Brasil: Ameaças e oportunidades para o desenvolvimento do país. Disponível em:<https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/transporte-de-cargas-no-brasil-ameacas-e-oportunidades-para-o-desenvolvimento-do-pais.htm>. Acesso em: 02 de agosto de 2021. COLAVITE, A. S; KONISHI, F. A matriz do transporte no Brasil: uma análise comparativa para a competitividade. Disponível em:<https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos15/802267.pdf>. Acesso em: 02 de agosto de 2021. IMB – Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos. Atlas do Estado de Goiás – 2014. Disponível em:<http://dados.sieg.go.gov.br/Sieg/rgg/atlas/index.html>. Acesso em: 02 de agosto de 2021. SANTOS, M. Metamorfose do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1998. |