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Geografia – Os impactos do consumo.

Olá, educando (a). Esta videoaula de Geografia foi veiculada na TV no dia 10 de Agosto de 2021 (Terça-Feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.

Na aula de hoje vamos compreender quais impactos socioambientais são causados pelo consumo.

Temática – Geografia – Os impactos do consumo. Disponível em: <pixabay.com/photo>. Acesso em 25 de Junho de 2021.

Assista a videoaula abaixo, com a temática – Geografia – Os impactos do consumo.

AGRUPAMENTO G| 7º ANO | CICLO DA ADOLESCÊNCIA |GEOGRAFIA | PROF.: AILTON

Os impactos do consumo

Consumir é necessário para a manutenção das nossas vidas, atualmente a maior parte da população brasileira vive na área urbana e para atender suas demandas básicas, como alimentação, precisamos nos deslocar até um estabelecimento comercial para adquirir alimentos. O urbano inviabiliza, em decorrência do espaço, atividades agropecuárias suficientes para garantir a soberania alimentar das famílias e nesse momento recorremos aos comércios para comprar esses produtos.  

O arroz é o queridinho na mesa dos brasileiros, sendo esse grão uma das bases da nossa alimentação. Mas, você já pensou quais são os caminhos percorridos pelo seu arroz até que ele chegue ao supermercado? Isso mesmo, o seu pacotinho de arroz não nasce na prateleira do supermercado e não basta ter fome para conseguir tirá-lo de lá. 

Setores da economia 

Os setores da economia representam a divisão do processo produtivo e compreendê-los, vai nos auxiliar a entender os caminhos percorridos pelo pacote de arroz do plantio até a prateleira do supermercado. A economia está dividida em três setores, alguns estudiosos vão salientar o surgimento do quarto setor da economia, voltado às pesquisas e desenvolvimento de tecnologia (informática, robótica e comunicação), no entanto, para compor o Produto Interno Bruto (PIB), do Brasil, entendemos que o setor quaternário está inserido no terceiro setor da economia.    
Setor primário: As atividades relacionadas ao extrativismo, como o próprio nome já diz, a extração de recursos naturais, estão inseridas dentro do primeiro setor da economia, também conhecido como primário. O extrativismo pode ser classificado em vegetal, animal ou mineral. Veja:

Figura I: Cultivo de arroz. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/o-cultivo-do-arroz-verde-natureza-2775411/. Link: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/09/22/12/31/rice-farming-2775411_1280.jpg. Acesso em 19 de junho de 2021.

A Figura I apresenta a planta do arroz, como podemos observar ele não é encontrado branquinho e embaladinho na lavoura. O extrativismo vegetal está representado na Figura I, sendo compreendido pelas atividades agrárias ou pela coleta dos recursos vegetais na natureza. 

O extrativismo mineral reúne as atividades ligadas a extração dos recursos minerais como o petróleo, água, gás natural, ouro, diamante, cobre, entre outros. Já o extrativismo animal, ainda que seja comum associar o extrativismo animal apenas à atividade pecuarista, compreende toda extração ou captura de animais terrestres, aéreos ou aquáticos.

Setor secundário: O setor secundário é o responsável pela transformação, abrigando as atividades industriais e a construção civil. A indústria pode ser classificada em bens de produção (fábrica para outras indústrias) e bens de consumo (fábrica para o consumidor final). 

Nessa etapa do processo produtivo o arroz, que foi plantado e colhido no campo, chega à indústria para ser beneficiado sofrendo algumas alterações seguindo de acordo com essa ordem o processo de lavar, descascar, secar, polir (garante a cor branca ao grão), classificar e embalar. 

Terceiro Setor: É o setor da prestação de serviços e agrupa as atividades comerciais. Atualmente a maior parte da população brasileira está empregada neste setor que compreende os shoppings, pet shop, escolas, serviços de saúde, entre outros. O arroz chega aos supermercados, que compõem o terceiro setor,  já embaladinho e pronto para o consumo. 

Nosso produto passou pelos três setores da economia e ao longo desse caminho foi necessário deslocar o arroz entre os setores da economia, para isso utilizamos os meios de transporte. Atualmente o principal modal de transporte brasileiro é o rodoviário, onde as mercadorias circulam pelas rodovias em veículos de carga. Outros modais de transporte como ferroviário, aquático e aéreo também são utilizados em nosso país, no entanto, em proporções bem menores do que o rodoviário.

Muitos produtos que são consumidos por nós, não são fabricados no Brasil. Mesmo assim o seu processo produtivo caminha pelos setores da economia citados, sendo necessário a extração do recurso natural (primário), o beneficiamento (secundário) e a comercialização (terciário), a etapa do processo produtivo vai compor o PIB do país onde foi executado cada parte da produção. A Jornalista Bruna Essig, em texto escrito ao Canal Rural, cita que em 2018 o Brasil comprou arroz com casca do Paraguai. Logo, atividade extrativista foi praticada e vai compor o PIB paraguaio, já o beneficiamento e a comercialização vão estar inseridas nos setores econômicos brasileiros. 

Impactos socioambientais da atividade produtiva

As atividades produtivas causam impactos ambientais, considerando que  impacto ambiental é a ação do homem sobre o ambiente, podendo ser positivo ou negativo, entendemos que a utilização de qualquer recurso natural gera impacto ambiental e na maioria das vezes de forma negativa. Por tanto, se faz necessário pensar o uso sustentável destes recursos, permitindo a possibilidade de minimizar os impactos.

O extrativismo pertence ao primeiro setor da economia e gera muitos impactos ambientais, causando danos que podem ser irreversíveis. A agricultura, ligado ao extrativismo vegetal, causa o desmatamento de áreas para o plantio, contaminação da água e do solo pelo uso de agrotóxicos, exaustão dos nutrientes do solo pelas monoculturas, entre outros. 

Em algumas regiões correm o risco da redução de alimentos típicos de um povo, as grandes propriedades de terra destinadas às monoculturas acabam produzido para atender o interesse do mercado externo, é como se o pequi começasse a faltar em Goiás, pois todo espaço produtivo está ocupado por soja, cana- de- açúcar, milho e trigo.  

A pecuária está ligada ao extrativismo animal e causa impactos ambientais severos, entre eles destacamos a necessidade de grande extensão de terra para pecuária extensiva, o grande volume de água utilizado, o desgaste do solo provocado pelo pisoteamento dos animais e a elevada demanda de ração que resulta em pressão sobre a agricultura. 

O extrativismo mineral quando realizado de forma irregular, sem seguir nenhuma normativa técnica ou fiscalização dos órgãos competentes, causa severos impactos como a degradação ambiental, alta demanda por recursos hídricos, destruição de habitats e problemas de saúde, que são comuns,  à população em região de extração de minério. Veja:

Figura II: Mineração em Catalão- GO. Fonte: Google Earth (Adaptado) 

A Figura II retrata, por imagens de satélite, disponíveis no Google Earth,  a mineração em Catalão- GO em dois momentos distintos e podemos observar o quão rápido os impactos ambientais se tornaram visíveis nesta região, entre 2004 e 2019 a ocupação da área de mineração se expandiu consideravelmente. 

As indústrias que pertencem ao setor secundário são responsáveis por transformações profundas em nossa sociedade, a urbanização e a formação de grandes centros urbanos, em algumas regiões, estão associadas à industrialização. Entre os impactos ambientais causados pela indústria podemos destacar a poluição atmosférica gerada pela alta demanda de energia que pressiona o uso de fontes mais poluentes,  a poluição dos solos e da água, a exploração de recursos naturais e ocorrência de problemas de saúde relacionados às questões do trabalho ofertado em algumas indústrias. 

Os impactos ambientais gerados pelas atividades do setor terciário estão relacionados ao descarte incorreto de produtos hospitalares, o uso excessivo de água na lavagem dos automóveis, veículos automotores poluindo o ar atmosférico pela queima de combustíveis fósseis, entre outros. 

As atividades produtivas são essenciais para a manutenção da vida dos seres humanos, não existe nenhuma atividade que não gere impacto ambiental negativo, é preciso compreender a necessidade de utilização de técnicas que visam reduzir os danos causados a natureza, tornando a produção cada vez mais sustentável, sendo capaz de alinhar crescimento econômico, preservação ambiental e as questões sociais. 

Consumismo 

Precisamos comprar roupas, alimentação, utensílios domésticos e diversos produtos para atender nossas necessidades mais básicas. Consumir é necessário, mas existe uma parcela da população que consome muito mais produtos do que eles realmente precisam e aqui nasce um grande problema. 

Consumismo é ação de comprar sem necessidade, quando adquirimos algo que possivelmente nunca iremos usar ou que não precisamos. A revolução industrial possibilitou que cada trabalhador fosse um consumidor, aumentando consideravelmente o mercado consumidor das indústrias e maximizando os seus lucros. 

O American of life, o Estilo de vida Americano, se expande pelo mundo ocidental no período entre as duas grandes guerras e durante a Guerra Fria, é pautado pelo forte consumismo onde a vida feliz passava pela aquisição de bens materiais. As propagandas, fortalecidas pelo discurso do American of life, surgem para nos impulsionar a comprar produtos que não precisamos e associam a felicidade, aceitação social ou crescimento profissional diretamente a aquisição de alguma mercadoria. 

O grande problema é que quando ao aumentar o consumo também aumentamos a necessidade de extração de recursos naturais e de beneficiamento desses produtos, existem diversos impactos ambientais envolvidos nesse processo. Segundo reportagem da revista Galileu, são gastos aproximadamente 5 mil litros de água para confecção de uma calça jeans, levando em consideração todo processo produtivo desde o plantio do algodão que compõem o tecido, o beneficiamento na indústria e o deslocamento entre os setores produtivos. 

Considerando que muitas pessoas comprar calças jeans e não usam, apenas compraram por algum impulso, estamos falando de muitos litros de água estocados dentro do guarda roupa que não podem ser utilizados para saciar a sede de pessoas ou animais. 

Consumir é normal, o problema é o consumismo, quando essa ação ocorre sem nenhum planejamento ou é impulsionada pelos meios de comunicação. Existem, além das questões ambientais, diversos problemas sociais nessa lógica consumista, com a necessidade de aumentar os seus lucros e produzir algo com preço acessível, não é incomum a exploração da mão de obra com baixos salários e condições degradantes de trabalho ao longo do processo produtivo.   

Consumir de forma consciente além de reduzir a pressão na utilização dos recursos naturais, reduz a produção do lixo contribuindo para que nosso planeta seja mais saudável. De acordo com a WWF- Brasil, no dia 22 de agosto de 2020, nós já havíamos extraído todos os recursos naturais que a Terra é capaz de repor durante 1 ano, o que eles chamam de O Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day). 

Em oito meses utilizamos todos os recursos naturais disponíveis em nosso planeta e mesmo assim, temos pessoas que não tem condição de se alimentar de forma adequada, no começo do texto ressaltamos que não basta ter fome para retirar o arroz da prateleira, é preciso comprá-lo, e para tanto, precisamos do dinheiro. A lógica consumista que estamos inseridos esgotam os recursos naturais e não garante o básico aos seres humanos, a alimentação, o que nos faz pensar na necessidade de mudar o processo produtivo, a circulação e o consumo. 

Uma possível solução é a proposta para dos 3Rs da sustentabilidade, ainda que eles não contemplem as questões sociais, são pautados na premissa de Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Reduzir o consumo, reutilizar os produtos ao invés de descartar e caso seja preciso jogar no lixo que seja encaminhado para reciclagem, o último R precisa estar associado a uma política de governo.   

Atividade

Responda as questões abaixo e registre as respostas no seu caderno. 

Questão 1 – Todos os produtos que consumimos passam pelos setores da economia? Escolha algum produto que você tenha em casa e tente descrever o seu processo produtivo, desde o setor primário até o terciário. 

Questão 2 – Compreendemos que não é possível a ocorrência da atividade econômica sem impacto ambiental, mas quais medidas podemos adotar para minimizar os impactos? 

Questão 3 – Clique no link http://www.pegadaecologica.org.br/, para descobrir sua pedagógica ecológica, o quanto de recursos naturais seriam utilizados durante um ano, se toda a população da Terra tivesse o mesmos hábitos de consumo que o seu. 

Basta responder as perguntas e se surpreender com o resultado.


Habilidade estruturante:(EF07GE06-A) Problematizar como a produção, a circulação e o consumo de mercadorias provocam impactos socioambientais e contribuem para a desigual distribuição de riquezas, em diferentes lugares. 
Referências: ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 6° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018.
ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 7° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. 
ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 9° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018.
BITTENCOURT, M. V. L. Impactos da agricultura no meio- ambiente: Principais tendências e desafios. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/ret/article/view/27144>. Acesso em: 17 de maio de 2021.
BRITO, C. Sua calça jeans gastou mais de 5 mil litros de água para ser produzida. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2019/08/sua-calca-jeans-gastou-mais-de-5-mil-litros-de-agua-para-ser-produzida-entenda.html>. Acesso em: 17 de maio de 2021.
ESSIG, B. Brasil importa arroz do Mercosul mesmo sem precisar. Disponível em: <https://www.canalrural.com.br/programas/brasil-importa-arroz-mercosul-mesmo-sem-precisar-72029/>. Acesso em: 17 de maio de 2021.
TOLEDO, A. F. Atividades de serviços: uma reflexão em relação aos impactos ambientais. Disponível em: <https://periodicos.unifor.br/rca/article/view/221/pdf>. Acesso em: 17 de maio de 2021.
WWF- BRASIL. Overshoot day. Disponível em: <https://www.wwf.org.br/overshootday/>. Acesso em: 17 de maio de 2021.