You are currently viewing Geografia – O sujeito e seu lugar no mundo: Pelas paisagens de Goiânia.

Geografia – O sujeito e seu lugar no mundo: Pelas paisagens de Goiânia.

Olá, educando (a). Esta videoaula de Geografia foi veiculada na TV no dia 31/05/2021 (Segunda-feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.

Na aula de hoje vamos analisar o conceito de paisagem geográfica e analisaremos algumas paisagens de Goiânia.

Temática – Geografia – O sujeito e seu lugar no mundo: Pelas paisagens de Goiânia. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/59/Montagem_-_Goi%C3%A2nia.jpg/450px-Montagem_-_Goi%C3%A2nia.jpg>. Acesso em: 22 de Abril de 2021.

Assista a videoaula abaixo, com a temática – Geografia – O sujeito e seu lugar no mundo: Pelas paisagens de Goiânia.

AGRUPAMENTO F | 6º ANO | CICLO DA ADOLESCÊNCIA |GEOGRAFIA | PROF.: AILTON

Paisagem Geográfica

Provavelmente você já deve ter ouvido por aí algumas expressões como: – Que paisagem bonita! – A paisagem de lá, é a melhor experiência do passeio!. Realmente o termo paisagem é utilizado por várias ciências e também tem o seu significado atribuído pelo senso comum, como podemos ver nas expressões citadas, no entanto, para a Geografia, a paisagem tem outro sentido. Se liga nessa imagem:

Figura I: Paisagem com árvores. Disponível em:<https://pixnio.com/free-images/2017/09/12/2017-09-12-06-50-49.jpg>. Acesso em: 25 de Abril de 2021.

A Figura I nos apresenta uma representação da paisagem que reforça a ideia do primeiro parágrafo, como se as paisagens fossem sempre algo bonito, vistoso e que está diretamente ligado a elementos da natureza como os rios, os mares, as árvores, os relevos, o céu ou algo bucólico distante de qualquer ação do homem. Mas, observe atentamente a Figura II:

Figura II: Lixão da estrutural. Disponível em:<https://live.staticflickr.com/7514/15672548605_f621aa89d9_b.jpg>. Acesso em: 25 de Abril de 2021.

Na sua opinião, a Figura II é uma paisagem? Não vale responder que é uma “paisagem feia”, pois assim estamos reforçando a ideia de paisagem relacionada a Figura I. Para a Geografia as Figuras I e II, podem ser compreendidas como representações da paisagem geográfica.

A paisagem é uma das principais categorias de análise da Geografia, o seu conceito, dentro dessa ciência, contribui para compreensão do espaço geográfico. Ainda que seja uma palavra polissêmica, que apresenta vários sentidos, precisamos entender o seu significado nas abordagens geográficas.

Segundo o geógrafo Milton Santos a paisagem é “tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança”, ele ainda acrescenta que esta “não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons, etc.”. Sendo assim, a paisagem está na dimensão do perceptível, tudo que podemos apreender e nos relacionar pelos nossos sentidos tato, paladar, olfato, visão e audição. Veja:

Figura III: Praia de Copacabana. Disponível em:<https://cdn.pixabay.com/photo/2019/05/06/18/16/copacabana-4183802_1280.jpg>. Acesso em: 25 de Abril de 2021.

Se você estivesse agora na Figura III e fosse solicitado que descrevesse a paisagem, provavelmente o seu primeiro  registro seria o visual, admirando a extensão do mar, a cor da água, a extensão do depósito de areia e a beleza do relevo carioca. No entanto, as pessoas que possuem baixa ou nenhuma visão, se relacionam com as paisagens por meio de outros sentidos, a mesma paisagem praiana poderia ser descrita pelo tato, com o contato dos pés com a areia ou pelo sentir a brisa do mar tocando o seu corpo, pela audição seria possível perceber os sons provocados pelas ondas do mar e pelas pessoas que estão se divertindo na praia, o paladar seria acionado quando a brisa trouxesse também um pouco do sal presente na água. 

Como observamos na Figura II a paisagem descrita é a mesma, o que foi apresentado são diferentes possibilidades de percepção e apreensão da paisagem. A mesma realidade pode ser vista por diferentes percepções, cada pessoa pode enxergá-la e aprendê-la de maneira diferente, no entanto, a forma da paisagem é única e revela o seu processo de formação e os movimentos da sociedade presentes em sua forma. 

Parece confuso, mas as paisagens sofrem alterações ao longo do tempo e são formadas pela atividade do homem ou pela força da natureza (deslizamentos de terra, vulcões, terremotos, entre outros). As paisagens não se criam de uma vez, são formadas ao longo do tempo com acréscimos e substituições, sendo determinadas pela lógica de uma época, considerando os fatores econômicos, culturais e sociais dessa sociedade.

O espaço geográfico está sempre em construção/alteração, pois nos relacionamos cotidianamente com a natureza. A paisagem nos revela em sua forma as modificações que ocorreram no espaço ao ser compreendida como a sobreposição de formas e tempos diferentes, como podemos observar nas Figuras IV, V, VI, VII, VIII, IX, X e XI. 

Pelas paisagens de Goiânia  

Goiânia é a capital do Estado de Goiás e segundo o IBGE sua população estimada em 2020 era de 1,5 milhões de habitantes. Inicialmente a capital goiana foi planejada para 50 mil habitantes e teve a sua pedra fundamental, que marca o início da sua construção, lançada em 24 de outubro de 1933 pelo interventor de Goiás Pedro Ludovico Teixeira. Goiânia foi construída no município de Campinas, que atualmente é um bairro da capital, às margens do córrego Botafogo nas fazendas Crimeia, Vaca Brava e Botafogo. Attilio Corrêa Lima foi o responsável pelo projeto de construção da capital inspirado no estilo francês Art Déco, na época era um grande símbolo de modernidade.

Figura IV: Vista aérea de Goiânia (1957). Disponível em:<https://servicodados.ibge.gov.br/api/v1/resize/image?maxwidth=600&maxheight=600&caminho=biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/fotografias/GEBIS%20-%20RJ/GO24686.jpg>. Acesso em: 25 de Abril de 2021.

A Figura IV apresenta a região da Praça Doutor Pedro Ludovico Teixeira em 1957, popularmente conhecida como Praça Cívica, o projeto da capital previa avenidas largas que se encontravam em uma praça principal. Para atender o planejamento são construídas as avenidas Goiás, Tocantins e Araguaia que iniciam- se na Pça. Cívica, sendo cruzadas por outra importante avenida, a Paranaíba, que leva ao Setor Aeroporto onde encontrava- se o aeroporto goianiense naquele período.  Veja:

Figura V: Região da Pça. Cívica. Fonte: Google Maps. Disponível em:<https://www.google.com/maps/@-16.676661,-49.2623026,1616m/data=!3m1!1e3>. Acesso em: 25 de Abril de 2021.

Como podemos observar na Figura V, atualmente Goiânia está bem diferente da imagem aérea retratada na Figura IV. Nos seus primeiros anos a capital apresentou tímido crescimento populacional, no entanto, em decorrência de diversas políticas de ocupação do oeste brasileiro a nossa cidade viveu intenso crescimento populacional por volta dos anos de 1960, onde já contava com aproximadamente 150 mil habitantes e 120 novos bairros. 

O crescimento urbano acelerado foi, em alguns setores, sem planejamento, criando problemas nas infraestruturas, como ausência de esgoto, vias inadequadas, ausência de espaços para o lazer, entre outros. Alguns desses problemas ainda estão presentes dentro da capital, outros espaços que foram planejados para um fim específico, acabaram perdendo a sua função de origem de acordo com o que a cidade foi expandido e gerando novas necessidades de uso. Veja:

“Goiânia é uma cidade curiosa; O povo descansa na Praça do Trabalhador, trabalha na Rua do Lazer, seu lugar mais anônimo é a Fama, onde há mais brigas é na Vila União e se vende muitos carros na Praça do Avião.” ​Autor desconhecido 

O autor da frase acima é desconhecido, conheci o texto através dos registros escolares de uma familiar, mas é curioso analisar a descrição das paisagens feita pelo autor. A Rua do Lazer, localizada no centro de Goiânia, hoje abriga diversos comércios fora do ramo do entretenimento, os espaços de lazer migraram para os shoppings, parques e bairros que abrigam famosos bares e restaurantes da capital. A praça do avião, no setor Aeroporto, atualmente é cercada por lojas de revenda automotiva, conhecidas por garagens, esse bairro já não abriga mais nenhuma atividade ligada a aviões ou aeródromos.

Figura VI: Pça. Cívica do Trabalhador. Fonte: Google Maps (Adaptado). Disponível em:<https://www.google.com/maps/search/pra%C3%A7a+do+trabalhador+/@-16.663262,-49.2612564,467m/data=!3m1!1e3>. Acesso em: 25 de Abril de 2021.

A Figura VI apresenta a Praça do Trabalhador que foi inaugurada em 1959, como nome de Praça Americano do Brasil, conhecida por abrigar a antiga estação ferroviária e por ser palco das mobilizações, assembleias e manifestações dos trabalhadores goianos que transitavam pela capital e por outras cidades do estado por volta dos anos 60. Esse importante ponto de encontro de trabalhadores atualmente abriga a Feira Hippie, aos domingos, e serve de passagem aos transeuntes ao longo da semana, não se portando como um grande ponto de descanso como sugere o texto acima. 

Ainda existem em Goiânia muitas edificações que preservam a arquitetura Art Déco, servindo como memória de um passado recente, nos lembrando os traços que pautaram o início da nossa cidade. Observe a Figura VII e VIII.

Figura VII: Av. Anhanguera com Av. Araguaia (1960). Disponível em:<https://servicodados.ibge.gov.br/api/v1/resize/image?maxwidth=600&maxheight=600&caminho=biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/fotografias/GEBIS%20-%20RJ/go42643.jpg>. Acesso em: 25 de Abril de 2021.

Figura VIII: Av. Anhanguera com Av. Araguaia. Fonte: Google Earth. Disponível em:<https://earth.google.com/web/search/goiania/@-16.67393735,-49.2547407,755.22528076a,0d,60y,231.0007872h,93.88033245t,0r/data=CigiJgokCd-rt1WjXTNAEd2rt1WjXTPAGUhUAnEpXDtAIRpUFSymQVLAIhoKFjEtRjdOMXR1QXNOaTVaZzR1cHhTR1EQAg>. Acesso em: 25 de Abril de 2021.

A Figura VII e VIII, representam o cruzamento da Av. Anhanguera com a Av. Araguaia, no Centro de Goiânia, em evidência nas imagens temos o Edifício Cidade de Goiás que, como pode ser observado, ainda preserva a sua arquitetura original, em Art Déco, ainda que salte aos olhos as modificações sofridas no espaço urbano das avenidas ou o novo modelo de fachada para o comércio instalada no edifício conseguimos compreender quer as paisagens são formadas ao longo do tempo com acréscimos e substituições, sendo determinadas pela lógica da época e as necessidades de uso do espaço urbano em cada período da história. O corredor exclusivo para o Eixo- Anhanguera, transporte público que liga as regiões Leste e Oeste de Goiânia, nos mostra as novas demandas de hoje, que não se faziam necessárias em 1960.

Figura IX: Cine Teatro Goiânia. Disponível em:<https://servicodados.ibge.gov.br/api/v1/resize/image?maxwidth=600&maxheight=600&caminho=biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/fotografias/GEBIS%20-%20RJ/go42670.jpg>. Acesso em: 25 de Abril de 2021.

 Figura X: Teatro Goiânia. Disponível em:<https://earth.google.com/web/search/goiania/@-16.67589853,-49.26147679,758.39581299a,0d,60y,201.4008471h,100.56117333t,0r/data=CigiJgokCd-rt1WjXTNAEd2rt1WjXTPAGUhUAnEpXDtAIRpUFSymQVLAIhoKFmZKcDNWVDhhWV9fcjNpV1pLV2ZxcXcQAg>. Acesso em: 25 de Abril de 2021.

Alguns lugares, como o Teatro Goiânia (Figura IX e X), são conservados pelo poder público e guardam em sua forma a história da cidade e a memória de muitos cidadãos goianienses que passaram e viveram diversos momentos inusitados dentro desses prédios. O Teatro Goiânia já foi o local de encontro de uma parcela da população que tinha condições de acesso ao teatro.

 Figura XI: Região Noroeste e Oeste de Goiânia. Disponível em:Google Earth (Adaptado). Acesso em: 25 de Abril de 2021.

A Figura XI apresenta imagens de satélite, disponíveis no Google Earth, que mostram o crescimento urbano  da região noroeste e uma parte da oeste entre 1985 e 2020. Além da melhor qualidade na captação da imagem em 2020, observamos quantidade de edificações que foram construídas em relação aos anos de 1985 e 2002, muitos bairros são oriundos de invasões e outros foram loteados sem seguir uma normativa técnica que garantia itens básicos como asfalto, água potável, iluminação pública e rede de esgoto.

Figura XII: Goiânia imagem de satélite. Disponível em: Google Earth (Adaptado). Acesso em: 25 de Abril de 2021. 

Goiânia realmente é uma cidade incrível, e conhecer um pouco da sua história pelas suas paisagens nos faz pensar quantas pessoas contribuíram para a formação da capital, cravando sua história nas formas dessa cidade construindo e alterando as paisagens. Agora é nossa vez, todos os dias eu e você construímos e  alteramos as paisagens goianienses. 

Atividade

Responda as questões abaixo e registre as respostas em seu caderno. Se possível, compartilhe com os colegas e professores.

Questão 1 –  Leia o poema: 

Arrogante chega o homem​

com a máquina na mão […]​

Constrói pontes, rodovias,​

muda a mata completamente.​

Ergue casa, edifícios […]​

Da antiga zona rural​

nasce a cidade agitada.​

O homem fica perdido​

com o progresso que ele próprio fez criar.​

MENDES, Iara Machado. Olhares e trilhas. Revista de Ensino de Geografia e Áreas Afins, ano 3, n. 3, 2002. p. 51.

Questão 2 –  Qual espaço geográfico está sendo construído no poema? 


Questão 3 –  Identifique no poema ações humanas que alteram o espaço geográfico.

Questão 4 – Navegue pelo Google maps, utilizando a ferramenta Street View, e explore a cidade de Goiânia. Clique no link: Google Street View


Habilidade estruturante:(EF06GE01-A) Comparar modificações das paisagens em diferentes lugares, com ênfase no seu município.
Referências:ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 6° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018.  
CALLAI, H. C. Estudar o lugar para compreender o mundo. In: CASTROGIOVANNIO, A. C. (Org.). Praticas e textualizaçoes no cotidiano. 6° ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2008, p. 83-134. 
CAVALCANTI, L. S. A Geografia escolas e a cidade: ensaios sobre o ensino de geografia para a vida urbana cotidiana. Campinas: Papirus, 2012. 
Goiânia. História de Goiânia. Disponível em:<https://www.goiania.go.gov.br/sobre-goiania/historia-de-goiania/>. Acesso em: 22 de abril de 2021.IBGE.
Cidades. Disponível em:<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/go/goiania/historico>. Acesso em: 22 de abril de 2021.SANTOS, M. Metamorfose do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1998.