Olá, educando (a)! Esta videoaula de Língua Portuguesa para o Agrupamento G (7º ano) do Ciclo da adolescência foi veiculada na TV no dia 25/05/2021 (Terça-feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.
Embora o texto em prosa também possa ser poético, é muito comum associarmos imediatamente esse tipo de texto com o poema: estrutura em versos, com rima, ritmo e métrica. Estude hoje sobre o soneto: um gênero literário clássico. Bons estudos!
Assista a videoaula a seguir com a temática texto poético.
Nesta aula você irá estudar um texto poético, o soneto. Esse gênero literário foi criado por escritores italianos ainda na Idade Média e tornou-se conhecido no século XIV por meio dos sonetos de Dante Alighieri e Petrarca. Em italiano, soneto significa “pequena canção”.
Antes de conhecer sobre as características desse texto, faça a leitura e o estudo de um soneto do poeta Mário Quintana.
Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.
Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola…
Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.
Ele trabalha silenciosamente
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente…
QUINTANA, Mário. Poesia completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 2006. p. 60
O poema de Mário Quintana é um soneto. O texto retrata uma cena cotidiana que ocorre em uma rua de uma cidadezinha. Nesse espaço, as personagens citadas são o menininho doente, o sapateiro, o carpinteiro e o “operário triste”. Apesar de doente, o menininho acompanhava o que acontecia na rua. É possível perceber que, por meio da audição, ele percebe o movimento daquele lugar, como as crianças indo para a escola, enquanto fica “junto à janela, sonhadoramente” ouvindo o trabalho do sapateiro.
Além do menininho triste e do sapateiro, há neste soneto o “operário triste”. Ele aparece nas duas últimas estrofes do poema. Quem será ele? Este personagem é o mesmo eu lírico, isto é, é a voz que fala ao leitor por meio do texto. O que um operário faz? Qual será a relação entre o trabalho do poeta com o trabalho do operário? Bem, o “operário triste” é o próprio eu lírico, é um poeta. Um operário é uma pessoa que exerce um trabalho manual ou mecânico, que constrói algo, como um prédio, um objeto… O poeta é comparado como um operário porque construir um poema não é mero produto de inspiração, ou apenas fazer rimas ao vento, pelo contrário, exige do poeta um trabalho denso de estudo da métrica do texto, das escolhas vocabulares e esquema particular das rimas, por exemplo.
O poema termina com o seguinte verso: “E está compondo este soneto agora, / Pra alminha boa do menino doente…”. Esses versos intensificam o sentimento que o eu lírico, o “operário triste”, tem em relação ao menininho doente, que é um sentimento de solidariedade. Mesmo estando triste, ele se solidariza com aquele menininho. O que isso te faz pensar?
Agora que você pode refletir um pouco sobre o interior de um soneto, estude sobre suas características.
- É uma composição poética fixa, isto é, não costuma sofrer variações em sua estrutura;
- É formado por quatorze versos, sendo dois quartetos e dois tercetos (um quarteto equivale a uma estrofe com quatro versos e um terceto equivale a uma estrofe com três versos);
- O soneto clássico inicia com uma espécie de introdução que apresenta o tema. Depois, há o desenvolvimento das ideias e, ao final do poema, a finalização com uma conclusão que aparece no último terceto. Assim, o último verso é considerado o fecho de ouro do soneto por encerrar com uma reflexão sobre o tema.
- Outro ponto estrutural do soneto é que as sílabas tônicas e as rimas de cada verso podem respeitar uma determinada ordem, de modo a produzir um ritmo e uma sonoridade que constroem os sentidos do poema.
- Outro ponto observável na composição do soneto é a ordem em que os versos apresentam as rimas. Em se tratando de quartetos, podemos encontrar três principais formas de posicionamento das rimas.
Confira a seguir:
- Rimas entrelaçadas ou opostas – ABBA – Neste posicionamento, o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro;
- Rimas alternadas – ABAB – Neste caso, o primeiro verso rima com o terceiro e o segundo rima com o quarto;
- Rimas emparelhadas – AABB– Ocorrem quando o primeiro verso rima com o segundo e o terceiro rima com o quarto.
Leia a seguir mais um soneto e procure observar essas características nele.
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
CAMÕES, Luiz Vaz de. Amor é fogo que arde sem se ver. São Paulo: Editora Ediouro, 1997.
O poema é construído em torno de antíteses e o último terceto apresenta a conclusão do soneto sob a forma de uma interrogação. Tal estrutura demonstra a perplexidade do eu lírico ao tentar compreender o amor, sentimento contraditório e de difícil definição.
Atividade
Retome o poema de Mário Quintana, estudado nesta aula, e responda às questões a seguir:
Questão 1 – O que há em comum entre o menino e o eu lírico?
Questão 2 – O que ameniza o sentimento do menino, segundo o texto? E para você, o que pode amenizar o sentimento do poeta?
Questão 3 – Todo texto tem um objetivo, uma finalidade. Qual pode ser a finalidade de um poema?
Questão 4 – Você já viveu uma situação de estar doente e não poder sair de casa? Se sim, como se sentiu? Relate.
Habilidades | (EF67LP28-C) Apreciar poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, entre outros, levando em conta suportes e características. (EF69LP48) Interpretar, em poemas, efeitos produzidos pelo uso de recursos expressivos sonoros (estrofação, rimas, aliterações etc), semânticos (figuras de linguagem, por exemplo), gráfico-espacial (distribuição da mancha gráfica no papel), imagens e sua relação com o texto verbal. |
Referências: | https://www.estudopratico.com.br/sonetos-estrutura-lingua-portuguesa-e-exemplo/ https://www.todoestudo.com.br/literatura/soneto |
Professor, essa aula segue a Matriz Curricular das Habilidades Estruturantes 2021-2021. Foi elaborada no ano de 2020, com a suspensão das aulas presenciais devido à pandemia da Covid-19 e segue as orientações de flexibilização curricular para o biênio 2020/2021 (Ofício Circular 147/2020 Dirped).