Olá, educando(a). Esta videoaula de Geografia foi veiculada na TV no dia 06 de Maio de 2021 (Quinta-Feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.
Comprar produtos chineses, ouvir cantores de outros países, assistir filmes e séries produzidos em outras nações, operar na bolsa de valores e comer um japa podem ser muito comum atualmente, mas você sabia que essas questões fazem parte da globalização?
Assista a videoaula abaixo, com a temática – Geografia – O sujeito e seu lugar no mundo – Formas de representação e pensamento espacial: Made in …
Made in …
Já pensou em se isolar do restante do mundo? Isso mesmo, ficar recluso sem contato algum com nenhuma pessoa seja pela internet, por telefone ou cartas?
Parece ser difícil, não é? Na verdade é quase impossível e convenhamos nem é tão legal assim.
Atualmente os avanços tecnológicos nos deixam cada vez mais próximos, seja pela internet ou pela velocidade dos meios de transporte que encurtam as distâncias e facilitam os deslocamentos. Por isso é tão comum assistir a TV onde um correspondente direto do Japão, ao vivo, traz informações de algum acontecimento local em tempo real e muito provavelmente você já comprou algum produto fabricado na China, Taiwan, Indonésia, entre outros. Essa maior integração global que vivenciamos cotidianamente é possível de ser explicada pela globalização.
Globalização e internacionalização
Ainda que pareçam e sejam, muita das vezes, utilizados como termos sinônimos, globalização e internacionalização não são a mesma coisa e também não se opõem de forma antagonista. A globalização é um fenômeno estudado por diversas ciências, entre elas, a geografia, história, econômica, ciências sociais, etc. e por isso podemos entender que esse fenômeno é complexo e exerce influência em diversas áreas das nossas vidas.
Podemos compreender o processo de globalização como a interação e integração do globo, mediado pelos fluxos de pessoas, informações, mercadorias e capital. Olhando assim parece ser simples, mas a complexidade desse fenômeno consiste em entender as profundas alterações vivenciadas ao longo dos últimos anos, em diversas áreas, por decorrência da globalização, a economia, a política e até mesmo as nossas práticas culturais estão sob influência desse processo. Entendemos então a globalização como um fenômeno global, mas quando ela começa?
É possível encontrar literaturas que defendem o início do processo de globalização no séc. XV, com as grandes navegações. Antes da expansão marítima europeia, o mundo não estava conectado, os povos estabeleciam relações comerciais tímidas e regionalizadas, existia uma espécie de autossuficiência entre as regiões existentes. Vale ressaltar que as massas continentais da América, Oceania e Antártida ainda não estavam integradas ao mundo europeu, nos permitindo entender que ainda não falamos de um mundo global. Podemos dividir a globalização em quatro fases, são elas
1ª Fase: Marcada pelas grandes navegações ocorridas nos Séc. XV e XVI, que dão início a expansão da economia europeia pelo mundo, logo em seguida a revolução industrial traz mais impulso para as relações comerciais entre diversas nações. Os avanços nos meios de transporte vão facilitar a circulação de pessoas e mercadorias em regiões que antes estavam isoladas.
2ª Fase: Compreendida entre meados do Séc. XIX e o fim da Segunda Guerra Mundial (1945), tem como característica os avanços no transporte e na comunicação, com o uso das ferrovias, telégrafos, telefones e rádios.
3ª Fase: Período da Guerra Fria (1945 – 1989), que além das alterações políticas proporcionadas pelo conflito entre as duas maiores potências mundiais da época, proporcionou significativos avanços tecnológicos em campos sensíveis para expansão da globalização. A informática e a telecomunicação são bons exemplos.
4ª Fase: Tem início após a Guerra fria é marcada pela Revolução- Técnico- Científico- Informacional, a expansão do sistema capitalista com a lógica de produção flexível e mercado global. A chegada da internet trazendo redução significativa no tempo de troca das informações, permite criar interações em tempo instantâneo com qualquer ponto do globo conectado à rede da web e por consequência intensifica o processo de globalização.
É importante ressaltar que alguns estudiosos, como o Geógrafo Milton Santos, defendem que a globalização tem início apenas com a Revolução- Técnico- Científico- Informacional, período da terceira revolução industrial, é justamente nesse período que o termo globalização é difundido pela imprensa, principalmente as que se dedicam em assuntos econômicos. Para esses estudiosos, a globalização é o estágio mais avançado do processo de internacionalização, que surgiu como projeto para mundializar as relações econômicas, sociais e políticas com a possibilidade de tudo conhecer e utilizar em escala planetária.
Como podemos observar quanto maior for o fluxo de pessoas, mercadorias, informação e capital mais intenso é o processo de globalização, chamamos de processo pois entendemos que este fenômeno ainda está em curso. Veja a Tabela I:
É possível observar, ao analisar a Tabela I, que as distâncias foram drasticamente reduzidas pelos avanços nos meios de transporte, por volta de 1500 uma viagem de Portugal ao Brasil durava em média 6 meses e atualmente podemos percorrer a mesma distância em algumas horas. Não é que Portugal esteja mais perto do Brasil, a distância em quilômetros é a mesma de anos atrás, mas o tempo para percorrer esse caminho é muito menor facilitando os fluxos, a integração entre os países e intensificando o processo de globalização.
Os avanços nos meios de comunicação são importantíssimos para compreender o atual mundo global, em casa, da tela do seu celular, é possível receber e enviar informações em tempo real para qualquer ponto do globo conectado a internet. Podemos enviar e receber até mesmo capital (dinheiro) operando na bolsa de valores e também adquirir produtos de comerciantes em diversos lugares do mundo em sites como AliExpress, Shopee ou Wish.
Características da globalização
A globalização como conhecemos hoje pode ser compreendida pelos avanços tecnológicos da Revolução- Técnico- Científico- Informacional e as consequências da política neoliberal que se expande pelo globo nos anos 90. A expansão das transnacionais, o surgimento dos blocos econômicos e as organizações supranacionais são uma das grandes características da globalização mundial.
As transnacionais, que são empresas que transcendem as fronteiras dos seus países de origem transferindo a sua produção e mercado consumidor para vários países, fortalecem o discurso de fábrica global, é como se o mundo inteiro fosse uma grande fábrica de produtos com seus fornecedores de matéria- prima e mercado consumidor. E realmente é mais ou menos assim, o termo em inglês “Made in”, que em protuguês significa produzido ou fabricado em, presente em vários produtos nos permite entender um pouco essa fábrica global. Procure em etiquetas, adesivos ou impressos nos produtos que você tem aí na sua casa e descubra a infinidade de mercadorias que não são produzidas no Brasil e que você utiliza cotidianamente. Observe a Figura I:
Figura I: New Fiesta – Fonte:<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8b/Ford_Fiesta_1.0_EcoBoost_Titanium_%28VII%2C_Facelift%29_%E2%80%93_Frontansicht%2C_2._Mai_2015%2C_D%C3%BCsseldorf.jpg>. Acesso em: 12 de março de 2021.
O veículo representado na Figura I (New Fiesta) é um símbolo do processo de globalização, o hatch médio que conquistou o mercado brasileiro é da FORD, uma indústria estadunidense, o modelo acima faz parte da plataforma global da montadora, ou seja, é vendido em todo o globo, trazendo pequenas mudanças em itens básicos de série (bancos de couro, câmbio automático, entre outros) de acordo com o padrão de consumo de cada mercado.
O primeiro nome do veículo “New” é de origem inglesa e segundo o dicionário Michaelis online, significa Novo, já “Fiesta” palavra em espanhol significa de acordo com o mesmo dicionário festa ou festejo. O carro da conceituada montadora estadunidense e que carrega em seu nome termos em inglês e espanhol é vendido no Brasil, e até 2015 era fabricado no México e na Argentina, ambos os países fazem parte do MERCOSUL (bloco econômico).
A fabricante (Ford) conta com diversas outras indústrias para a montagem do veículo como, por exemplo, a bateria Motorcraft (E.U.A), as velas e cabos de velas BOSCH (Alemanha) e os pneus Continental (França) ou Pirelli (Itália). Todas as peças listadas foram verificadas no site da montadora no Brasil, na sessão de venda de peças originais e genuínas FORD, que segundo a montadora são peças da linha de montagem. Logo nós temos um carro global de uma marca estadunidense com nome inglês e hispânico, peças de fábricas de diferentes nações e mercado consumidor em todo o globo, resumindo globalização.
Além da Ford existem outras transnacionais muito conhecidas como a Coca- Cola, Apple, Samsung, MC Donalds, entre outras. Em decorrência da atividade dessas empresas é possível discutir a massificação da cultura, o que iria gerar uma cultura global com a minimização das manifestações locais e tradicionais de uma determinada nação, é como se o prato principal da culinária goiana não fosse mais a galinhada com pequi ou a pamonha e sim um sanduiche do Mc Donalds ou que a música sertaneja fosse o gênero menos ouvido em Goiás e o BTS e novas bandas de K-Pop assumam esse espaço.
O mundo inteiro está globalizado? Não, é possível encontrar pessoas sem acesso a internet ou integradas ao mercado global, ainda que seja por nós conhecidas elas não estão inseridas nesse processo na mesma intensidade que você, que está lendo esse texto na internet por um equipamento em que seus componente provavelmente foram produzidos na China e com grande chances de ter utilizado minérios brasileiros.
Atividade
Responda as questões abaixo e registre as respostas no seu caderno.
Questão 1 – Você está inserido no processo de globalização?
Questão 2 – Quais são as fases da globalização?
Questão 3 – Procure em etiquetas, adesivos ou impressos nos produtos que você tem aí na sua casa, o local de fabricação dessas mercadorias. Vale procurar em roupas, celulares, calçados, eletros e onde você quiser! Ao encontrar compartilhe com as pessoas que moram com você e se possível com os seus colegas de classe. Ah, procure ao menos 5 objetos.
Habilidade estruturante: | (EF09GE01-A) Compreender o processo de regionalização mundial, globalização e mundialização. |
Referências: | ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 9° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 8° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. RIBEIRO, W. C. “Globalização e geografia em Milton Santos”. In: El ciudadano, la globalización y la geografía. Homenaje a Milton Santos. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales, Universidad de Barcelona, vol. VI, núm. 124, 30 de septiembre de 2002. Diponivel em: <http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-124h.htm#:~:text=O%20ge%C3%B3grafo%20brasileiro%20teorizou%20e,a%20globaliza%C3%A7%C3%A3o%20e%20suas%20conseq%C3%BC%C3%AAncias.>. Acesso em: 13 de março de 2021. SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988. SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. São Paulo: Record, 2000. |