Olá, educando (a)! Esta videoaula de História foi veiculada na TV no dia 21 de Abril de 2021 (Quarta-Feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.
A partir do contexto do Renascimento, da Reforma Protestante e das Grandes Navegações, propõe-se uma reflexão sobre as mudanças que abriram caminho para o surgimento do mundo moderno na Europa.
Assista a videoaula abaixo, com a temática – Humanismos, Renascimentos e o Novo Mundo: Anúncios de um mundo novo.
Anúncios de um mundo novo
O que define as épocas históricas são as grandes mudanças na forma como o homem vive. Isso você estudou na atividade sobre as diferentes épocas históricas. Agora, vamos tratar de um momento na história da Europa, séculos XV ao XVI, em que podemos flagrar grandes mudanças. Vamos falar de três acontecimentos: Humanismo e Renascimento, Reforma Protestante e as Grandes Navegações. Eles abriram o caminho para um mundo novo.
Humanismo e Renascimento
Uma das necessidades mais importantes que o homem tem é explicar o mundo. Os séculos XV e XVI foram períodos marcados por grandes transformações na explicação de mundo que os europeus tinham. Basicamente, a mudança diz respeito ao desenvolvimento de uma visão que valorizava a capacidade criadora do homem a partir de sua sensibilidade e do seu pensamento. Essa visão estimulou a valorização dos indivíduos como seres racionais capazes de criar e de descobrir os segredos da natureza, dos seres vivos e do próprio Universo e não só como criaturas de Deus. Por valorizar o homem essas ideias ganharam o nome de humanismo.
E por que o humanismo representa uma grande mudança? Porque a explicação de mundo que se tinha era a da idade média, nela, o homem era só uma criatura de Deus. Ou seja, o ser humano era só um objeto dos desígnios divinos. A concepção medieval ficou conhecida como teocentrismo, que significa Deus como centro, quer dizer, Deus determina todas as coisas. O humanismo propôs o antropocentrismo, ou seja, o homem como centro.
Os humanistas não duvidavam da existência de Deus, mas suas visões confrontavam as ideias da Igreja católica vigentes na época. Erasmo de Roterdam, por exemplo, criticou a Igreja afirmando a necessidade de renová-la e aproximá-la mais do povo; também defendeu a liberdade de consciência e de escolha.
Mudança importante também ocorreu no campo das artes com um movimento que ficou conhecido como Renascimento. O Renascimento foi uma revolução artística na Europa ocidental cujos avanços foram vistos também na ciência, nas ideias e na forma de pensar o mundo. A arte renascentista, que pode ser vista em pinturas, esculturas, na arquitetura, desenvolveu duas características principais: estilo greco-romano, com um especial cuidado em representar a anatomia; e perspectiva na pintura, obras em três dimensões. A pintura medieval não representava em três dimensões, apesar de existirem artistas como Giotto, no século XIV, que já faziam estudos de perspectiva. No Renascimento, as artes e as ciências deixaram de ser produzidas apenas pela igreja, apesar do tema religioso estar bastante presente nas obras. Os artistas despertaram o interesse por vários campos do conhecimento desenvolvendo estudos em várias áreas. Leonardo da Vinci, por exemplo, estudou anatomia, matemática, música e pintura.
Humanismo e renascimento plantaram as sementes para o desenvolvimento da ciência nos séculos XVI e XVII. Em 1543, Nicolau Copérnico publicou o livro Da revolução das esferas terrestres no qual defendeu o heliocentrismo, ou seja, o sol é o centro do universo e em torno dele gira um sistema de planetas. Isso contrariava a doutrina católica do geocentrismo segundo a qual a terra era o centro do universo. Galileu Galilei fez observações dos corpos celestes a partir da teoria de Copérnico, em 1610 publicou o livro O mensageiro das estrelas defendendo que o sistema solar pertencia a uma galáxia. No século XVII a revolução científica avançou inspirada pelo racionalismo filosófico, um sistema de pensamento que buscava a fundamentação do conhecimento na razão humana.
Reforma protestante
Na idade média, a Igreja católica era a instituição mais poderosa da Europa. O desenvolvimento de novas ideias foram abrindo o caminho para a crítica à Igreja e para que se pudesse contestar o seu poder.
No século XVI, o movimento liderado por Martinho Lutero ganhou força suficiente para constituir igrejas independentes da grande igreja romana. Mas essa não era a intenção inicial de Lutero, que iniciou sua vida religiosa como monge e depois tornou-se padre em 1507. A Reforma Protestante foi o desfecho de acontecimentos que se iniciaram com uma crítica que ele fez à Igreja.
O que desagradava tanto a Lutero na Igreja? No final da idade média, o alto clero da Igreja vivia em meio ao luxo e à riqueza, em Roma. Vários nobres viravam bispos cardeais e até papas, por interesses alheios aos da fé cristã, sem ter vocação espiritual. O baixo clero também deixava a desejar, muitos padres desrespeitavam seus votos de castidade, celibato e pobreza; alguns viviam até com mulher e filhos, outros padres vendiam relíquias como pedaços de madeira dizendo que eram da cruz de Jesus, pedaços de panos como sendo de seu manto, etc. A igreja não só não tomou providência como começou a venda de indulgências, que é o perdão dos pecados.
Foi contra essa situação que Lutero redigiu suas 95 teses, em 1517, e as afixou na porta da igreja de Wittenberg – cidade onde vivia -, que hoje fica na Alemanha. O papa exigiu que Lutero se desculpasse mas ele não o fez e depois de alguns emissários papais tentarem sem sucesso convencê-lo a voltar atrás, editou a bula de excomunhão em 1521. Entre 1517 e 1521 Lutero redigiu uma nova doutrina que pode ser resumida em três pontos: a salvação da alma de cada cristão depende de sua fé, todo bom cristão pode ser pastor de seu rebanho, a verdade cristã se encontra na bíblia e somente nela. Traduziu a bíblia para o alemão em 1522 e teve grande repercussão graças à imprensa.
É claro que ao fazer isso, Lutero colocava sua vida em risco pois estava desafiando a instituição mais poderosa do Ocidente, além do imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V, que o declarou inimigo político em 1521. E como foi que Lutero conseguiu escapar? Ele conseguiu a proteção do príncipe da Saxônia, também conseguiu o apoio de grande parte da nobreza alemã que em 1530 apresentou ao imperador a Confissão de Augsburgo, que continha os preceitos da doutrina luterana. A reunião dos nobres com o imperador terminou em clima de guerra. A Reforma luterana expandiu-se por outros países da Europa. Nos países baixos teve apoio de parte da nobreza e dos comerciantes que desejavam se livrar da Igreja católica; na França, parte da nobreza apoiada pelos comerciantes aderiu para enfrentar o centralismo da monarquia; na Inglaterra o próprio rei fundou a igreja anglicana para se livrar do poder político do papa.
Aqui aparece um ponto importante sobre as mudanças que caracterizam a vida do homem. A mudança na explicação do mundo abre caminho para mudanças na política e na economia. O apoio que Lutero recebeu da nobreza tem relação com seus interesses políticos de se livrarem do poder da Igreja e fortalecer o poder do rei em alguns lugares, enquanto noutros busca-se criar alternativas ao poder do rei – temos aí um processo de mudança política importante que é o fortalecimento das monarquias. Outro ponto importante é o apoio dos comerciantes. Eles faziam parte de um novo grupo social – a burguesia – que disputava um lugar ao sol na sociedade. A burguesia será responsável por uma revolução no século XVIII que muda radicalmente a política e a economia no mundo.
As grandes navegações
Todas essas mudanças são resultado de um processo histórico. No final da idade média a Europa passa por mudanças estruturais no feudalismo. Começa a se desenvolver cidades, atividades como o artesanato, as feiras. O comércio também vai se desenvolvendo. As rotas comerciais vão alargando suas áreas de influência. No século XII, elas já alcançavam o Oriente, de onde chegavam especiarias e tecidos. Os lucros obtidos neste comércio eram tão compensadores que motivou os europeus a buscarem alternativas ao controle dos mulçumanos. Encontraram na navegação uma alternativa.
Não era um empreendimento simples. Os portugueses foram os primeiros a se lançar no mar, já dominavam a navegação do Mediterrâneo, mas no mar aberto as dificuldades se multiplicavam. O conhecimento geográfico dos europeus era baseado em observações da natureza, relatos de viajantes, fábulas e principalmente no modo como a igreja católica representava o mundo: a terra era o centro do universo. Os mapas-múndi misturavam conhecimentos geográficos e religiosos. As fábulas influenciavam o saber náutico e geográfico, perdurando a crença de que se navegassem pelo oceano Atlântico os navios seriam devorados por monstros terríveis. E nos destinos poderiam encontrar homens sem cabeça ou com cabeça de animal, povos canibais, gigantes, serpentes, feras enormes. As navegações foram importantes para demonstrar o erro de tais crenças e abrir caminho para uma nova explicação de mundo. A crença na capacidade do homem de criar e agir por si mesmo certamente tem a ver com a grandeza desse fato.
Os portugueses demoraram quase um século para conseguirem contornar a África, o objetivo era chegar ao Oriente pelo mar. Mas, por que Portugal foi o primeiro neste empreendimento? Primeiro, pela localização geográfica privilegiada; depois, Portugal foi o primeiro país a ter uma monarquia centralizada, que foi importante no apoio político e financiamento; além disso, este país dominava a técnica náutica mais avançada para navegação em longos cursos; e os recursos econômicos passaram a ser abundantes, à medida que as viagens começaram a dar resultados. Em 1488, Bartolomeu Dias atravessou o cabo das tormentas, que passou a se chamar Cabo da Boa Esperança. E em 1498, Vasco da Gama chegou a Calicute, na Índia, o grande objetivo dos portugueses. O papa reconheceu o direito de Portugal à posse das terras descobertas.
Em seguida, a Espanha também se lançou ao mar. A rainha Isabel de Castela apoiou o projeto de Cristóvão Colombo, um genovês que sonhava em se tornar navegador e por isso era um grande estudioso da questão. Estudou com os maiores cartógrafos e navegadores da época em Portugal e amadureceu seu projeto de chegar ao Oriente. Baseou-se na carta de um sábio italiano chamado Toscanelli para quem era possível chegar ao Oriente navegando para o Ocidente. Colombo partiu em agosto de 1492 prometendo chegar às Índias em trinta dias, não imaginava que no meio do seu caminho havia outro continente, mais tarde chamado de América, onde chegou em 12 de outubro de 1492.
Atividade
Questão 1 – Os momentos de grandes mudanças históricas são de grande turbulência. Os séculos XV e XVI na Europa foram assim. É comum ouvirmos falar que o século XXI está sendo bem turbulento. Será se estamos vivendo um momento de grandes mudanças históricas? Pense um pouco sobre isso e tente identificar mudanças que vivemos atualmente. Anote-as no caderno.
Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento | (EAJAHI0606) Compreender os contextos históricos de construção dos conceitos de humanismo e renascimento. (EAJAHI0607) Problematizar a concepção teocêntrica e antropocêntrica. (EAJAHI0611) Identificar o contexto político, econômico e religioso das reformas protestantes e da Reforma católica no período moderno. (EAJAHI0613) Analisar os objetivos políticos, colonialistas, comerciais e religiosos das Grandes Navegações. (EAJAHI0616) Relacionar a expansão marítima às modificações das ideias sobre o mundo, o humano e Deus. |
Referências: | VAINFAS, Ronaldo. et al. História.doc, 7º ano: ensino fundamental, anos finais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. |