Nestor Valverde e sua Pedagogia de Mestre na coordenação do programa Horta Escolar
Com quase cinco décadas de trabalho na Educação Municipal, Nestor Valverde se dedica ao respeito pela alimentação saudável aliada à preservação ambiental
Em tempos de dificuldades coletivas, como os que vivemos, muitas vezes ficamos presos às preocupações que nos levam à paralisia. E, é neste momento que precisamos de inspiração para prosseguir na caminhada individual e coletiva com o propósito de modificarmos a realidade que nos afeta de maneira implacável. Para nós, da Rede Municipal de Educação, que temos a responsabilidade na formação cidadã de milhares de pessoas, é fundamental nos inspirarmos sempre, principalmente quando enfrentamos desafios como os atuais. Neste sentido, reconhecer o valor das histórias, não as de fora, mas as nossas, de gente que com compromisso, amor e competência nos dá o recado de coragem e perseverança, independente das circunstâncias, nos leva a acreditar que vamos superar este tempo difícil.
Uma destas histórias que chama atenção de todos no trabalho pedagógico desenvolvido em Goiânia é a de Antônio Nestor Gomes Valverde, professor de Educação Física desde meados da década de 1970 nas Redes de Ensino municipal e estadual, e, em alguns momentos, professor de Matemática. Após concurso, entrou na RME de Goiânia em 19 de agosto de 1985. Foi lotado na Escola Municipal Waterloo Prudente, no Bairro Goiá. No ano seguinte, transferiu-se para Escola Municipal Percival Rebelo e lá permaneceu até 1997. Neste período, também fazia parte do quadro de docentes da Escola Municipal Padre Zezinho, desde o ano de 1994. Veio então a experiência enquanto diretor por dois mandatos nesta instituição (01/01/2000 à 31/12/2005). Após 31 anos vivenciando o universo escolar, Nestor já poderia concluir sua carreira vitoriosa enquanto profissional de educação, mas quando tudo estava pronto para a efetivação de sua aposentadoria, algo no seu interior não o permitiu parar.
“Me lembro bem, em dezembro de 2005, fui convidado pela professora Naná Milhomem para trabalhar no Projeto Horta. Aceitei o convite porque achava o Projeto muito interessante devido aos aspectos pedagógicos e pelo alcance social”, destaca Nestor. A partir daí, foi mudado o formato das ações do Projeto, fazendo-o mais participativo nas Instituições Educacionais, tendo como foco a conscientização dos educandos. Neste processo, os professores João Alberto, Olinto, Wilmar e José Dásio foram fundamentais para implantar esta nova dinâmica. Conforme o Projeto avançava, a preocupação com o engajamento dos educandos relacionado ao saber agroecológico aumentava. Foram criadas, então, dentro da oficina de plantio, músicas, dinâmicas e performances, tudo com o objetivo de proporcionar aos participantes a teoria e a prática na relação homem-natureza.
“A horta é um laboratório a céu aberto onde a criança trabalha com o vivo”, ressalta Nestor. Dentro da logística do Projeto, houve a necessidade de proporcionar doações de mudas para que as Instituições Educacionais se sentissem motivadas a participar. A partir daí, duas atividades estruturavam todo o trabalho: o plantio e a doação de mudas, tudo na perspectiva educacional. Com o passar do tempo e o amadurecimento do manuseio das hortas por parte das Instituições, houve a melhora da qualidade e aumento da produção, incorporando os alimentos plantados ao cardápio das Escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI). A adição foi feita mediante o acompanhamento da equipe de nutricionistas da Secretaria Municipal de Educação e Esporte (SME).
Em 2019, considerando um universo de 363 Unidades Educacionais, foram contempladas 250, com a perspectiva de ampliação neste ano. Este número equivale a mais de 70 mil educandos de 1 a 80 anos, incluindo pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NEE). “Cada vez mais, o Projeto foi ficando conhecido e passou a ser divulgado pela pela Assessoria de Imprensa da SME, mídia escrita e televisão. Hoje, somos destaque em Goiânia, no Brasil e até no exterior. Já tivemos duas visitas de representantes do exterior, como a da Unesco, com 14 países, e outra da Guatemala, por meio do Ministério da Educação, que veio conhecer nossas ações. Em 2018, fizemos parceria, já nesta Gestão, com a Cosmed, que nos doa 10.000 mudas por mês, o que facilitou muito o nosso trabalho”, pontua Valverde.
A força deste Projeto, sob a responsabilidade de Nestor e toda a sua equipe, mostram a determinação e lucidez deste homem que há muito poderia seguir um caminho mais individual para ele e sua família. Porém, o servidor olhou de forma ampla, além do seu quintal, e percebeu a necessidade de uma grande cidade que comporta, só na Rede Municipal de Educação, quase 105 mil educandos.
Ao dialogar com Nestor e acompanhá-lo, junto aos seus colegas nas atividades realizadas nas Instituições Educacionais, ficam evidentes o amor e o espírito coletivo que este professor com mais de 46 anos de trabalho tem pelas pessoas com quem convive, tanto companheiros de Gerência, colegas das Instituições visitadas e educandos. O que transparece, o tempo todo, nas atividades desenvolvidas é a beleza de nos relacionarmos com os outros e a natureza, sempre com respeito, competência e na busca pela melhor comunicação. Fica para nós, nestes tempos confusos e receosos, o exemplo de Nestor que não abriu mão de ouvir seu coração, e escolheu o caminho da vida, reconhecendo o desafio como oportunidade para crescimento, dele e das pessoas do seu convívio.
Texto: Luiz Fernando Hidalgo, editoria de Comunicação e Esporte
Fotos: Arquivo Pessoal e SME