Língua Portuguesa – Diversidade Linguística

Na linguística não existe uma variedade da língua que seja melhor ou pior que a outra. Mesmo uma variedade sendo bem diferenciada da “norma- padrão”, ela vai se fazer valer se os seus falantes conseguirem se comunicar, interagir e se fazer entender de forma eficiente, isso é o que é levado em consideração.
Patativa do Assaré (1909-2002) foi um poeta brasileiro e também um dos principais representantes da arte popular nordestina do século XX. Com uma linguagem simples, porém poética, retratava a vida sofrida do povo do sertão.

Atividade 1

Assista ao vídeo que contém um trecho do poema “Sertão” de Patativa do Assaré.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=XV_rVUDGCYI

Atividade 2

Agora leia o poema na íntegra onde dá pra perceber que ele usa uma linguagem informal, com as palavras do homem sertanejo. A linguagem usada em seu poema é a principal expositora da cultura e da região do seu povo. Em seu caderno, escreva algumas expressões, usadas por Patativa no poema “Sertão” que remeta à linguagem do sertanejo:

SERTÃO

Patativa do Assaré

Sertão, arguém te cantô,
Eu sempre tenho cantado
E ainda cantando tô,
Pruquê, meu torrão amado
Mundo te prezo, te quero
E vejo qui os teus mistéro
Ninguém sabe decifrá.
A tua beleza é tanta,
Qui o poeta canta, canta,
E inda fica o qui cantá.
[…]
Sertão, minha terra amada
De bom e sadio crima
Que me deu de mão bejada
Um mundo cheio de rima
O teu só é tão ardente
Que treme a vista da gente
Nas parede de reboco
Mas tem milagre e virtude
Que dá corage, saúde
E alegria aos teus caboco.
[…]
Desta gente eu vivo perto
Sou sertanejo da gema.
O sertão é o livro aberto
Onde lemos o poema
Da mais rica inspiração
Vivo dentro do sertão
E o sertão dentro de mim
Adoro as suas belezas
Que valem mais que as riquezas
Dos reinados de Aladim.
[…]
Porém, se ele é um portento
de riso, graça e primor
Tem também seu sofrimento
Sua mágoa e sua dor
Esta gleba hospitaleira
Onde a fada feiticeira
Depositou seu condão
É também um grande abismo
Do triste analfabetismo
Por falta de proteção.
[…]
No rompê de tua orora
meu sertão do Ciará,

quando escuto as voz sonora
do soboso sabiá
do canaro e do campina
sinto das graça divina
o seu imenso pudê
e com munta razão vejo
que a gente sê sertanejo
é um dos maió prazê.
[…]
Tu é belo e é importante
tudo teu é naturá
ingualmente o diamante
ante de arguém lapidá.

Link Poema: https://armazemdetexto.blogspot.com/2019/07/poema-sertao-patativa-do-assare-com.html